Folha de S. Paulo


Meninas em todo o mundo vivem com medo de violência

Pesquisa da Plan International feita na Ásia, América do Sul e África traz constatação preocupante de que meninas convivem com medo e sofrem abusos

Meninas em todo o mundo encaram um futuro em que não poderão controlar com quem se casam ou quando poderão ter filhos, revelou uma pesquisa da entidade beneficente Plan International, que trabalha com crianças e adolescentes.

A pesquisa Ouçam Nossas Vozes mostrou que 52% das meninas entrevistadas acham que é pouco provável que poderão decidir por elas mesmas se engravidam ou não; 40% disseram que é pouco provável que possam escolher com quem se casar. A Plan conversou com mais de 7.000 meninas e meninos adolescentes em 11 países da Ásia, África e América do Sul. A organização diz que é o maior estudo desse tipo realizado até hoje.

A pesquisa constatou que, não obstante melhoras nos direitos das meninas nos últimos anos, a insegurança, os abusos e o medo são muito difundidos; 80% das meninas em uma área do Bangladesh e 77% de uma área do Equador disseram que "raramente" ou "nunca" se sentem em segurança. Mais de um quarto não se sentem seguras quando vão à escola e mais de um terço não podem usar os banheiros das escolas porque temem ser atacadas. Cerca de metade das meninas (51%) têm medo de dizer o que pensam diante de meninos ou homens.

O estudo também destaca que as meninas adolescentes acham que não têm direitos; algumas nem sequer consideram que merecem ter direitos. Tanya Barron, executiva-chefe da Plan UK, disse que a pesquisa mostrou que as organizações beneficentes precisam ouvir as meninas e mulheres jovens. "Quer seja por serem obrigadas a fazer trabalhos domésticos que as impedem de frequentar a escola ou por correrem o risco de gravidez na adolescência ou de violência sexual, meninas são abusadas e limitadas diariamente", ela disse.

"Embora a situação esteja evoluindo para melhor, as meninas ainda são sujeitas constantemente a injustiças que atrofiam suas oportunidades na vida. Precisamos ouvir as meninas e lhes proporcionar um espaço seguro para serem ouvidas."

"Muito trabalho precisa ser feito para acelerar as mudanças e combater as violações habituais dos direitos das meninas, para que elas se sintam empoderadas e possam realizar seus potenciais."

Tradução de CLARA ALLAIN


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