Folha de S. Paulo


Temer diz que quis ser jornalista, mas esperava profissão 'mais romântica'

Evaristo Sá/AFP
O presidente da República, Michel Temer, durante cerimônia em Brasília
O presidente da República, Michel Temer, durante cerimônia em Brasília, nesta terça-feira (19)

Em fala improvisada nesta terça-feira (19), o presidente Michel Temer afirmou que tentou entrar no meio cultural de "toda maneira" e que quis ser jornalista, mas que esperava uma profissão "mais romântica" e desistiu para seguir no direito.

Temer afirmou que chegou a trabalhar na adolescência, no final dos anos 1950, no jornal "Última Hora", fundado pelo jornalista Samuel Wainer, mas que se "desanimou" com a profissão por ter exercido uma "função burocrática": a de copidesque, ou redator, aquele que formata e faz mudanças nos textos das reportagens.

"Eu imaginava no jornalismo aquela coisa de jornalista nas rua, colhendo dados, notícias", afirmou, durante a cerimônia de entrega da Ordem Cultural do Mérito no Palácio do Planalto.

"Mas logo acharam que eu deveria exercer um papel que acho que hoje nem existe mais, o copidesque. Me botaram numa máquina de escrever para pegar as reportagens e dar forma a elas. Aquilo acabou me desanimando um pouco, porque eu imaginava uma vida mais romântica no jornalismo, não é? E me colocaram numa função burocrática."

Ele se formou em direito na Faculdade de Direito da USP em 1963 e atuou como advogado e procurador até ingressar na carreira política.

Temer discursou por oito minutos, e afirmou que, além do jornalismo, tentou entrar no meio artístico sendo pianista e escritor.

Ele afirmou que aos nove anos pediu para o pai inscrevê-lo em um curso de piano, mas acabou em um de datilografia.

"Eu morava em uma cidadezinha muito pequena no interior de São Paulo, evidentemente não tinha uma escola de piano, e eu insisti muito com o meu pai e ele acabou me inscrevendo num curso de datilografia", afirmou, arrancando risos da plateia formada pelos homenageados do prêmio, ministros e políticos.

"Mas eu confesso que eu datilografava, mas eu fechava os olhos e eu datilografava com os dez dedos como se estivesse tocando piano", disse.

O presidente disse que tentou "de toda maneira ingressar na área cultural. "Se tivesse poderia até ser um dos agraciados aqui, hein, Sérgio [Sá Leitão, ministro da Cultura]? Mas não consegui", brincou.

Temer, que publicou um livro de poemas em 2013, "Anônima Intimidade", contou que decidiu editar os textos que disse escrever em guardanapos por indicação de um amigo.

"No avião, apanhava um guardanapo e escrevia alguns pensamentos, alguns poemas, escrevia de mim para mim. Mas um dia um amigo disse: acho que você deve publicar isso, você é muito cerimonioso, um jeito quase metálico. Isso aqui vai humanizar sua figura", afirmou,

O peemedebista encerrou seu discurso prometendo aumentar o orçamento para o Ministério da Cultura em 2018.

Segundo o ministro da pasta, Sérgio Sá Leitão, o pleito é que sejam ampliados de R$ 600 milhões para até R$ 850 milhões os investimentos diretos do orçamento total, que é de R$ 2,7 bilhões.

O principal homenageado deste ano na Ordem do Mérito Cultural foi o ator e humorista Renato Aragão, o Didi Mocó dos Trapalhões.

Além dele, foram condecorados outras 31 personalidades e entidades do meio cultural, entre músicos, tradutores, estilitas e empresários do setor.


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