Folha de S. Paulo


Leia trechos do conto 'Cat Person'

"Ao pensar nisso, ela viu que Robert assistia-lhe atentamente, observando a impressão que o quarto havia deixado. E, como se o medo não estivesse pronto para deixá-la, ela tinha uma ideia repentina de que talvez isso não fosse um quarto, mas uma armadilha para atraí-la para a falsa crença de que Robert era uma pessoa normal, uma pessoa como ela, quando, na verdade, todos os outros quartos da casa estavam vazios ou cheios de horrores: cadáveres ou vítimas de sequestros ou correntes. Mas então ele a estava beijando, jogando sua bolsa e seus casacos no sofá, levando-a para o quarto, apalpando sua bunda e seus peitos, com a avidez desajeitada daquele primeiro beijo."

"O quarto não estava vazio, embora estivesse mais vazio do que a sala de estar; ele não tinha uma cabeceira de cama, apenas um colchão e um box no chão. Havia uma garrafa de uísque em sua cômoda, da qual ele tomou um gole, então a entregou a ela, se ajoelhou e abriu o laptop, uma ação que a confundiu, até que ela entendeu que ele estava colocando uma música."

"Margot sentou-se na cama enquanto Robert tirava a camisa e desabotoava as calças, puxando-as para seus tornozelos antes de perceber que ele ainda estava de sapatos e se inclinando para desatá-los. Olhando para ele desse jeito, curvado tão desajeitadamente, sua barriga grossa e macia e coberta de pelos, Margot recuou. Mas o pensamento do que seria necessário para impedir o que ela havia começado era avassalador; exigiria uma quantidade de tato e gentileza que ela sentia ser impossível de convocar."


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