Em Los Angeles, qualquer pessoa pode ter um vislumbre do seu futuro. Casas de videntes fazem parte do cenário artificial da cidade como se fossem salões de beleza. Basta desembolsar US$ 5 dólares.
Mas, ao fazer isso, o cliente pode estar financiando um submundo de crimes e golpes controlado por famílias romenas.
Esse é o cenário da série "Shut Eye", uma mistura de "Família Soprano" com "Breaking Bad" cuja segunda temporada estreia no Brasil nesta terça (19), às 22h, no Fox Premium 1 —o canal exibe a maratona com os dez episódios do primeiro ano neste domingo (17), a partir das 13h30.
Baseada em casos reais investigados pela polícia de Los Angeles, a série desenvolve uma trama ficcional centrada em Charlie (Jeffrey Donovan), um "mágico" sem muita ambição que serve nas fileiras mais baixas da máfia cigana de golpes.
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| Isabella Rossellini (à esq.) interpreta a manipuladora Rita Marks, que comanda um clã de criminosos e vai para a prisão |
Até começar a questionar os próprios métodos e sentir a presença de algo sobrenatural ao seu redor, gerando caos no clã comandado pela manipuladora Rita Marks (Isabella Rossellini, ótima).
"Se você tirar o verniz das lojas de vidência e o sensacionalismo cigano, estamos fazendo uma série sobre uma família e até onde vamos para protegê-la", conta Donovan à Folha.
"Shut Eye" retorna para a segunda temporada preocupada em amplificar o lado mais pessoal dos protagonistas, deixando os trambiques com cartas e previsões do futuro um pouco de lado.
Para atingir esse objetivo, os produtores chamaram John Shiban, um dos principais roteiristas de "Breaking Bad" e "Arquivo X", para assumir como showrunner —substituindo David Hudgins ("Friday Night Lights"). "A primeira temporada serviu de filtro para sabermos o que funciona ou não no programa", admite Shiban.
"Tínhamos um mundo incrível de gângsteres romenos e casas de vidência, mas precisávamos de personagens mais identificáveis com o público."
NOVA TEMPORADA
Os novos episódios abordam rapidamente as consequências dos eventos no fim da temporada anterior. Charlie e a mulher, Linda (KaDee Strickland), veem uma saída para a vida de crimes ao colocar as mãos em uma bolsa com milhões de dólares.
Mas as notas são todas marcadas e só podem ser usadas após passar por uma lavagem. No meio dessa encrenca, os dois são assombrados por visões que podem significar uma aproximação da série do tom mais fantasioso.
"Não posso negar que cresci vendo ficção científica e horror, mas aprendi em 'Arquivo X', minha grande escola, que tudo precisa ser baseado na realidade", conta o roteirista.
Assim, ele transforma Fonso (Angus Sampson), um dos chefões romenos de Los Angeles, em um protagonista inesperado. Seu banimento dos clãs o leva a um tempo morando com Charlie e Linda.
"As famílias ciganas de verdade não são tão organizadas quanto a máfia italiana no controle dessa indústria. Há crimes em diversos Estados e nada muito centralizado", explica Shiban. "Essa dinâmica entre elas serve agora de guia."
Outro acerto é jogar a personagem de Rossellini na prisão no primeiro episódio, algo que rende situações deliciosas com repercussões por toda a temporada.
"Cheguei ao auge da minha carreira ao vestir Isabella com um macacão laranja de prisioneira. Não dá para ficar melhor que isso. Queria inserir mais humor meio subvertido nos novos episódios e acho que consegui", diz o showrunner.
Shiban também concordou com a mudança das filmagens de Vancouver, Canadá, para Los Angeles. A decisão significa aumento de custos por causa dos impostos municipais, mas um leque amplo de talentos na equipe técnica.
"Fui um dos batalhadores para trazer a série para a Califórnia. A cidade é uma personagem essencial do programa e não da maneira que todos se acostumaram a ver", diz o ator Jeffrey Donovan.
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NA TV
Shut Eye - Estreia da segunda temporada
QUANDO terça (19), às 22h, no canal pago Fox Premium 1