Folha de S. Paulo


Em 1ª visita ao Brasil, trio Daughter exibe folk etéreo no Popload Festival

Francesca Jane Allen/Divulgação
O trio Daughter, que é uma das atrações do Popload Festival
O trio Daughter, que é uma das atrações do Popload Festival

Os artistas que fecham o Popload Festival, nesta quarta (15), em São Paulo, são o grupo francês Phoenix e a cantora inglesa PJ Harvey. Mas a atração inédita da programação deste ano toca antes, com tudo para ganhar mais fãs no país.

O trio britânico Daughter tem três álbuns desde 2013 e um punhado de EPs que mostram o que a imprensa decidiu chamar de "neo folk". Explicando: canções serenas que usam recursos eletrônicos para deixar tudo com cara de música ambiente.

Quando o assunto é o som do Daughter, a crítica gosta de citar termos como "etéreo", "atmosférico", "melancólico". O guitarrista suíço Igor Haefeli, em entrevista à Folha, se diz obrigado a concordar com a descrição.

"É evidente que tentamos criar uma atmosfera quando tocamos. Quanto a ser melancólico, a tristeza é algo difícil de medir", diz Haefeli. Não por coincidência, o grupo assinou contrato em 2012 com o selo inglês 4AD, casa de bandas clássicas de um som denso, como Cocteau Twins, Tones on Tail e Lush.

A voz e as letras do Daughter são de Elena Tonra, inglesa descendente de irlandeses que tentou uma carreira solo até se encontrar com Haefeli num curso de composição no Instituto de Música Contemporânea, em Londres. Os dois montaram a banda enquanto começavam a namorar.

O guitarrista não liga se as pessoas interpretam as letras confessionais de Elena como um retrato doce ou amargo de seu relacionamento.

"Nunca mudei um verso dela. Acho incrível que alguém ainda possa misturar letras de canção com a vida real", afirma, para depois esclarecer que os dois seguem com a banda, mas não são mais namorados.

DEPRESSÃO SONORA

Elena, Haefeli e o francês Remi Aguilella lançaram o primeiro álbum em 2013, "If You Leave". Os singles "Human" e "Youth" pavimentaram o caminho até o segundo álbum, "Not to Disappear" (2016), com letras ainda mais depressivas e um crescente e sutil uso de eletrônica para descaracterizar o folk idealizado pela vocalista em sua adolescência.

Neste ano, o Daughter lançou o terceiro álbum, que corre por fora em sua discografia. Em "Songs from Before the Storm" predominam as faixas instrumentais. O disco é a trilha sonora de um game.

"É muito diferente trabalhar com personagens que outras pessoas criaram", diz Haefeli. "Talvez a gente toque algo dessa trilha no show, mas, na maior parte, faremos uma mistura dos dois primeiros discos."

O Popload Festival começa às 13h20 no Memorial da América Latina, com o pop eletrônico dos americanos do Neon Indian. As bandas brasileiras Ventre e Carne Doce tocam, respectivamente, às 14h50 e às 15h50. O Daughter entra no palco às 17h, seguido de PJ Harvey (18h30) e Phoenix (21h).

Haefeli elogia os colegas. "Definitivamente, estamos honrados com a companhia deles. O álbum "White Chalk" (2007), de PJ Harvey, foi um disco que acompanhou minha adolescência inteira. E o Phoenix é espetacular ao vivo." Ele deixa uma dica: "Quem só conhece a banda dos discos precisa ver o show, que tem energia fantástica!"

POPLOAD FESTIVAL
QUANDO quarta (15), às 13h20
ONDE Memorial da América Latina, av. Auro Soares de Moura Andrade, 664, tel. (11) 3823-4605
QUANTO de R$ 360 a R$ 500, no site ticketload.com


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