Folha de S. Paulo


Macron inaugura museu do Louvre de Abu Dhabi dez anos após lançamento

O Louvre de Abu Dhabi abriu as portas nesta quarta-feira (8), uma década depois do lançamento do projeto.

A inauguração teve a presença do presidente francês, Emmanuel Macron, da primeira-dama francesa, Brigitte Macron, e do príncipe herdeiro emiradense, Mohamed bin Zayed. A abertura para o público geral será no sábado (11), com quatro dias de shows e espetáculos.

A coleção permanente do Louvre árabe terá cerca de 600 obras, das quais 300 foram emprestadas de 13 museus franceses.

A instação "Fonte da Luz", do artista chinês Ai Weiwei —criada para o museu—; o quadro "La Belle Ferronière", de Leonardo da Vinci —emprestado pelo Louvre parisiense—; e um autorretrato de Van Gogh, do Museu d'Orsay, são alguns dos objetos expostos.

A maioria das 23 galerias permanentes buscará refletir o intercâmbio entre culturas, desde a Pré-história até a atualidade, reunindo as obras ao redor de temas universais e de influências comuns.

O museu faz questão de colocar as religiões do mundo lado a lado. Em uma das mostras, há uma estrela funerária judaica ao lado de um objeto funerário muçulmano, um epitáfio de pedra cristão, sutras budistas e um alcorão sírio datado de 1250.

Mohamed Jalifa Al Mubarak, presidente da Autoridade do Turismo e Cultura de Abu Dhabi, declarou recentemente que o museu é símbolo de uma "nação tolerante e aberta à diversidade".

PROJETO

Construído na ilha de Saadiyate e projetada pelo arquiteto francês Jean Nouvel, o Louvre de Abu Dabhi é fruto de uma colaboração entre os governos da França e dos Emirados Árabes.

O acordo, vigente por 30 anos, tem um valor total de um bilhão de euros, e inclui a exploração da marca Louvre, que dá nome ao museu mais visitado do mundo, assim como a organização de exposições atemporais.

O custo da construção do museu foi inicialmente estimado em cerca de 600 milhões de euros (aproximadamente R$ 2,2 bilhões), mas sua conclusão foi adiada em várias ocasiões, devido a, sobretudo, problemas de financiamento.

O projeto não esteve livre de polêmica. Na França, algumas vozes se levantaram contra a "venda da marca" Le Louvre. Várias ONGs, como a Human Rights Watch, se mostraram preocupadas com as condições dos trabalhadores imigrantes nas obras.

A arquitetura do novo Louvre é inspirada nas medinas árabes, com um conjunto de 55 edifícios brancos. Uma majestosa cúpula de 180 metros de diâmetro, composta por 7.850 estrelas de metal, filtra os raios de sol, criando o que o arquiteto Jean Nouvel chama de uma "chuva de luz".

Um dos maiores desafios foi garantir a segurança e a conservação das obras de arte, em um lugar onde as temperaturas ultrapassam 40ºC no verão. Nouvel afirma ter criado, com sua cúpula original, uma espécie de "guarda-sol" capaz de reproduzir um "microclima que reduz a temperatura em até cinco graus".

O Louvre de Abu Dhabi será o primeiro de três museus a abrir suas portas no distrito cultural de Saadiyat. Deverão segui-lo o Guggenheim, concebido pelo arquiteto canadense Frank Gehry, e o Zayed National Museum, pelo britânico Norman Foster.

Além de Paris, o Louvre já tem uma filial na cidade de Lens, no norte da França, inaugurado em 2012.


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