Folha de S. Paulo


Manifestantes pró e contra Judith Butler protestam no Sesc Pompeia

A participação da filósofa Judith Butler em um seminário em São Paulo reuniu dois grupos de manifestantes (prós e contrários) na frente do Sesc Pompeia nesta terça-feira (7).

Professora da Universidade da Califórnia, em Berkeley (Estados Unidos), Butler é um dos principais nomes no estudo de gêneros e na teoria queer. No seminário desta terça, esse não foi o foco. Ela falou sobre a democracia como a conquista de uma luta diária, e também ressaltou a necessidade de mais diálogos e da compreensão da linguagem e da comunicação como ferramentas para refutar as possibilidades de autoritarismo.

Butler disse, por exemplo, que quando a palavra "crítica" é usada, ela pode tomar o sentido de algo negativo, e que a construção do pensamento deveria passar pela compreensão do mesmo termo como colaboração entre as partes. Os problemas decorrentes incluiriam a ascensão do fascismo.

Durante as semanas que antecederam a vinda da filósofa ao país —para o seminário "Os Fins da Democracia" (de 7 a 9 de novembro, no Sesc Pompeia)—, uma petição on-line foi organizada no site CitizenGo e reuniu mais de 300 mil assinaturas pedindo o cancelamento do evento.

O texto, sem assinatura, pedindo o cancelamento da participação da filósofa dizia que "Judith Butler não é bem-vinda no Brasil! Nossa nação negou a ideologia de gênero no Plano Nacional de Educação e nos Planos Municipais de Educação de quase todos os municípios. Não queremos uma ideologia que mascara um objetivo político marxista. Seus livros querem nos fazer crer que a identidade é variável e fruto da cultura. A ciência e, acima de tudo, a realidade nos mostram o contrário."

Apesar das milhares de assinaturas, o grupo que protestava contra Butler na frente do Sesc contava com menos de cem pessoas; e era inferior a outro grupo, pró-Butler, que também estava na frente do Sesc Pompeia.

Manifestantes contrários carregavam faixas e cartazes com dizeres como "Menino nasce menino #XoJudith", "Não à ideologia de gênero" e "Meus filhos minhas regras". Eles queimaram um boneco caracterizado como uma bruxa e que exibia a imagem do rosto de Butler.

Na segunda (6), a filósofa foi à Unifesp, onde falou sobre o seu livro "Caminhos Divergentes: Judaicidade e Crítica do Sionismo" (ed. Boitempo). No evento, ela defendeu que criticar a atuação política do Estado de Israel contra o povo palestino não é o mesmo que criticar o judaísmo. No meio da palestra, uma mulher saiu gritando "protejam nossas crianças".

Moacyr Lopes Junior/Folhapress
SAO PAULO, SP, BRASIL. 09.09.2015. Judith Butler filosofa, principal nome das teorias de genero, durante seminario Queer, no Sesc Vila Mariana. (Foto: Moacyr Lopes Junior/Folhapress,ILUSTRISSIMA). ***EXCLUSIVO***
A filósofa Judith Butler em palestra em 2015, em São Paulo

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