Folha de S. Paulo


Instigado por maratona de séries, John Mayer retorna com show em capítulos

Na noite desta quarta (18), no Allianz Parque, John Mayer fará uma apresentação em cinco capítulos. Em entrevista à Folha, o músico disse acreditar ser essa uma maneira de fazer as pessoas desfrutarem melhor do show, "digerindo parte por parte".

"Conforme o entretenimento se fragmenta em pequenos pedaços, o conceito dos shows precisa mudar um pouco", diz, citando a influência do "binge watching", mania de assistir a vários episódios de séries de TV seguidos.

"Passamos horas assistindo a quatro episódios de uma série, mas, se eu disser para você assistir a um filme de cinco horas de duração, você vai dizer que ele 'é muito longo'."

Com o mesmo pensamento, Mayer lançou neste ano, em três lotes de canções, o álbum que nomeia a turnê, "The Search for Everything".

O modo de divulgação tangencia, mas não se rende ao método no qual artistas têm apostado com cada vez mais frequência, o de privilegiar o lançamento de singles megaproduzidos antes do próprio álbum a que pertencem.

"Sou a favor da experimentação e da evolução das formas de arte, mas ainda não vi alguém quebrar um álbum em apenas singles de uma maneira que tenha se provado duradoura ou que tenha tido o mesmo impacto de lançar um ótimo álbum", diz.

Para o cantor, os álbuns formam registros a serem revisitados no futuro. "Venho de um tempo em que fazer uma obra é fazer uma declaração", diz, ainda que não saiba definir qual seria a afirmação deste repertório. "Isso é para outra pessoa inventar."

NO SEU TEMPO

Definindo-se ao mesmo tempo como moderninho e "old school", John Mayer vai aos poucos ocupando a velha-guarda do cenário musical. O cantor é tido simultaneamente como influência e concorrência de jovens hitmakers como Ed Sheeran.

"Estou aqui há tempo suficiente para que uma criança que me escutava há dez anos seja hoje um artista, é como plantar uma semente e vê-la crescer, é um efeito natural do tempo." Ele diz entender a competição entre artistas não de forma agressiva, mas como uma "abordagem honesta do próprio ego e das ambições".

Aos 40 anos recém-completados, Mayer frisa constantemente que está velho.

Ele diz notar mudanças em sua voz, moldada "como cimento molhado" a partir da influência suprema de Stevie Ray Vaughan e modificada após uma cirurgia que cessou suas turnês por um período.

Ele também as vê em suas melodias, já não mais tão populares como nos tempos de "Gravity" ou "Daughters", quando seus álbuns lideravam as paradas da "Billboard". "Não tenho mais o dedo no pulso do mundo como costumava ter", diz, sem pesar mas sem abrir mão de sua busca por relevância.

"Ser competitivo, para mim, é permanecer no nível de qualidade que criei. O dia em que Ed Sheeran parar de competir comigo, é o dia em que parei de me esforçar."

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Ouça no spotify

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JOHN MAYER
QUANDO qua. (18), 21h15, em São Paulo; sex. (20), 21h, em Belo Horizonte; dom. (22), 18h15, em Curitiba, ter. (24), 21h, em Porto Alegre, sex. (27), 22h30, no Rio de Janeiro.
ONDE Allianz Parque, av. Francisco Matarazzo, 1705, em SP, e outros
QUANTO de R$ 120 a R$ 1.000 em livepass.com.br
CLASSIFICAÇÃO de 14 (BH e POA) a 16 anos (nas outras cidades)


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