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Ator de TV, Marco Pigossi chega ao cinema com dois longas em festival

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O ator Marco Pigossi como o personagem Zeca em 'A Força do Querer
O ator Marco Pigossi como o personagem Zeca em 'A Força do Querer'

No ar como o protagonista da novela das 21h, Marco Pigossi diz que sempre busca no cinema a referência para seus papéis da TV. Para construir o caminhoneiro Zeca de "A Força do Querer", por exemplo, conta que achou a pista em filmes italianos.

"A linguagem não tem nada a ver, mas ele é um sujeito machista, durão, que não sabe lidar com emoções. E isso no cinema italiano é muito presente", diz à Folha.

Depois de participar de dez novelas, o ator paulistano estreia nos cinemas com dois filmes, "O Nome da Morte" e a "A Última Chance", ambos no Festival do Rio. E os dois com tom bem diferente do que ele costuma exibir na TV.

"O cinema pode ser firme, fazer uma denúncia, trazer um questionamento. Procurei justamente papéis que talvez eu não achasse na televisão", diz o ator de 28 anos.

No violento "O Nome da Morte", de Henrique Goldman, ele faz um pistoleiro cristão. Baseado no livro-reportagem homônimo de Kléster Cavalcanti, o longa que compete pelo Prêmio Redentor conta a história de Julio Santana, matador de aluguel que diz ter assassinado 492 pessoas no interior do Brasil.

Santana anota meticulosamente o nome de cada vítima –alvos de caudilhos locais, desafetos e até maridos transtornados– num caderno.

Diretor de "Jean Charles" (2009), Goldman recua à adolescência de Santana, garoto da zona rural criado à beira do rio Tocantins. O tio Cícero (André Mattos), já metido na pistolagem, é quem vê potencial no garoto bom de mira.

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Marco Pigossi é o matador Julio Santana em 'O Nome da Morte', de Henrique Goldman
Marco Pigossi é o matador Julio Santana em 'O Nome da Morte', de Henrique Goldman

"A falta de informação te faz uma pessoa manipulável, e esse é o momento de falar disso", afirma Pigossi. "Meu grande desafio foi entender que, para criar o personagem, eu tinha que limpá-lo, porque é a cultura que traz a independência do pensamento."

No livro de Cavalcanti, o pistoleiro narra como matou sindicalistas, militantes e ajudou a prender José Genoino na guerrilha do Araguaia.

No filme, que não situa a época em que se passa, os alvos políticos são resumidos num dos personagens, um líder da luta por terras.

Fora da competição da mostra, Pigossi também está em "A Última Chance", de Paulo Thiago, que estreia na sexta (13) na mostra carioca.

Aqui ele também está no papel de um sujeito real; no caso, Fábio Leão, carioca que foi campeão de muay thai ao mesmo tempo que geria boca de fumo na favela e se tornou um dos chefes do Comando Vermelho em Bangu.

"Ele buscava no esporte uma regeneração, mas toda hora era jogado de volta para o tráfico, um universo que ele achava encantador", diz.


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