Folha de S. Paulo


Coleção Folha traz obra da escritora cearense Rachel de Queiroz

Eder Chiodetto/Folhapress
A escritora cearense Rachel de Queiroz
A escritora cearense Rachel de Queiroz

Criada em uma fazenda no interior do Ceará nos anos 1930, Dôra parte em jornada de transformação que perpassa dores, amores e desilusões até, afinal, estabelecer-se como dona de suas ações.

"Dôra, Doralina" reúne as memórias dessa mulher criada pela escritora cearense Rachel de Queiroz (1910-2003) e chega às bancas neste domingo (8), pela Coleção Folha Mulheres na Literatura.

A primeira das três partes da narrativa de Maria das Dores, a Dôra, começa com ela sob as ordens de Senhora, a mãe viúva que detém a autoridade sobre os negócios da fazenda e a vida da filha.

As duas vivem relação sem afeto e de rivalidade entre ex-escravos, parentes distantes e gente do cangaço, até que uma traição terrível em família revira um cenário pouco acostumado a mudanças.

Dôra vai para Fortaleza e, de lá, parte com um grupo de teatro mambembe. Locais, fatos e pessoas levam-na a construir identidades distintas, por vezes contraditórias, que a empurram a outras direções.

As personagens femininas são centrais, característica das obras de Rachel de Queiroz. Em primeira pessoa, com fluxo de consciência livre e por vezes mesclando passado e presente, Dôra questiona quem é e quem gostaria de ser.

"Narrativa íntima de amores, ódios e infortúnios dos tempos de vida errante de uma mulher forte, vida que, enfim, se acalma em reviravolta surpreendente", escreve Vinicius Torres Freire, colunista da Folha, no prefácio.

Seja rompendo com demandas e tradições da sociedade rural, seja escolhendo reencontrar elos de sua essência, Dôra retrata quem foi e quem se tornou, trazendo nova luz às histórias de matriarcas do sertão nordestino.

RETOMADA

O relato realista e intenso representa o retorno de Rachel de Queiroz ao romance após mais de 35 anos dedicados a crônicas e dramaturgia.

Uma das mais premiadas escritoras brasileiras, primeira mulher na Academia Brasileira de Letras e também dramaturga e jornalista, ela estreou na literatura aos 19 anos com "O Quinze" (1930), um dos maiores romances do regionalismo brasileiro.

É também de Rachel "Memorial de Maria Moura", retrato sobre o sertão, adaptado para minissérie da Globo.


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