Aimar Labaki queria contestar o imaginário popular das figuras de Bertolt Brecht (1898-1956) e Edith Piaf (1915-63) quando escreveu "A Vida em Vermelho". "A gente tem a ideia do Brecht politizado e da Piaf romântica. Mas eles não cabem nessa caricatura."
O espetáculo, que estreia nesta sexta-feira (6) no Sesc Santo André, no ABC paulista, e depois segue temporada na unidade de Santo Amaro, em São Paulo, cria um encontro entre figuras clownescas inspiradas na cantora francesa e no dramaturgo alemão.
Edith e Bertoldo, interpretados pelo casal Letícia Sabatella e Fernando Alves Pinto.
Além das figuras fictícias, os atores emulam personagens que passearam pelas carreiras dos artistas e costuram na trama referências a personalidades do teatro brasileiro, como Plínio Marcos (1935-99).
Num palco que mescla referências aos cabarés francês e germânico, a dupla faz uma espécie de competição musical. "Eles tentam defender o personagem de que gostam mais e acabam mostrando um contraponto entre o racional de Brecht e o emocional de Piaf", diz Sabatella.
CONTRAPONTO
Em "A Vida em Vermelho", o casal de intérpretes, acompanhado no palco de três músicos, interpreta o cancioneiro de Brecht (como "Balada de Mackie Messer", da "Ópera dos Três Vinténs") e Piaf ("Padam, Padam", "Milord"), além de músicas que tangem o universo dos artistas.
Cria-se um contraponto entre os repertórios, o de Brecht mais duro, o de Piaf mais "adocicado", diz o diretor Bruno Perillo. Para Labaki, a polifonia é uma forma amenizar o momento político e social. "Tem-se usado muito pouco a razão e pensado com o estômago. Sentir é legítimo, pensar é legítimo também."
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A VIDA EM VERMELHO
QUANDO sex., às 21h, sáb., às 20h, dom., às 19h; até 22/10 (Sesc Santo André). Sex., às 21h, sáb., às 20h, dom., às 18h; de 10 a 27/11 (Sesc Santo Amaro)
ONDE Sesc Santo André, r. Tamarutaca, 302, tel. (11) 4469-1311. Sesc Santo Amaro, r. Amador Bueno, 505, tel. (11) 5541-4000
QUANTO R$ 9 a R$ 30
CLASSIFICAÇÃO 12 anos