Folha de S. Paulo


CRÍTICA

Em 'Kingsman', espiões voltam mais sujos, nas lutas e no humor

KINGSMAN: O CÍRCULO DOURADO (ótimo)
(Kingsman: The Golden Circle)
DIREÇÃO Matthew Vaughn
PRODUÇÃO EUA/Reino Unido, 2017, 16 anos
ELENCO Taron Egerton, Mark Strong e Julianne Moore
QUANDO estreia nesta quinta (28)
Veja salas e horários de exibição

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O cinema comercial, que só tem como objetivo entreter, permite um teste: se o filme for bom, o tempo vai passar em "fast foward". Se for de mediano para baixo, vai passar em "slow motion". E os 140 minutos de "Kingsman: O Círculo Dourado" passam numa piscadela de olho.

O longa é a continuação da história do grupo inglês de agentes secretos que fingem ser costureiros dos abonados, e usa como armas clichês da cultura inglesa (guarda-chuva, maleta de couro, dentição torta e amarelada).

Neste episódio, Eggsy, o maloqueiro transformado em agente secreto, se vê quase só. Depois de um grande desastre, os Kigsmen são obrigados a pedir ajuda para o equivalente americano do grupo, os Statesmen –que se acobertam sob a identidade de fabricantes de uísque.

A trupe americana vem em peso. Pedro Pascal –que deixou saudade na cultura pop desde sua participação na quarta temporada de "Game of Thrones"–, volta a galope como o caubói Whisky, o melhor agente americano. Halle Berry interpreta o cérebro por trás da equipe.

Juntos, os dois grupos combatem uma só ameaça. Julianne Moore como Poppy, a vilã mais deliciosa que Hollywood produziu em alguns anos. A chefona do tráfico mundial de drogas é ególatra, carente e fria. Má a ponto de dar vontade de bater na atriz, se cruzar com ela no supermercado.

Poppy criou um vírus que contamina qualquer pessoa que tenha usado drogas ilícitas ultimamente –mesmo que não tenha tragado. Cabe ao presidente dos EUA negociar com a megera.

Enquanto isso, os espiões fazem o que podem, inclusive levar o inimigo para a cama, para descobrir como parar a doença. As cenas de luta são muitas, e lindas, bem coreografadas, filmadas cada uma com estética própria e mortes cada vez mais horrorosas.

É um filme imundo, em que tudo é sujo: as táticas de luta, o humor e especialmente a boca dos detetives. Mais engraçado que "Guardiães da Galáxia 2", que segue a mesma linha de humor.

Até Elton John, ao contrário de famosos que fazem participações em filmes, entra na toada. O cantor aparece na telona mais do que alguns atores –como Channing Tatum. Sir Elton foi sequestrado pela vilã e é um personagem dele mesmo: xinga, dá chiliques e luta, arrancando risadas.

O produto comercial só teria saído melhor se tivesse uma dose de moralismo a menos no final. Porém serve para lembrar que Hollywood, mesmo quando vai contra a punção conservadora da máquina norte-americana de fazer filmes, vai sempre ser Hollywood.

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Assista ao trailer de 'Kingsman - O Círculo Dourado'

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