Folha de S. Paulo


Após cancelar show no Rio para tratar câncer, Charles Bradley morre aos 68

Morreu neste sábado (23) o cantor americano Charles Bradley, uma das principais vozes do soul contemporâneo. Ele tinha 68 anos e lutava contra um câncer no fígado.

"Com o coração pesado, anunciamos a morte de Charles Bradley", diz mensagem postada na página oficial do cantor no Facebook.

Bradley se apresentaria no festival Rock in Rio no sábado (16), mas cancelou o show justamente para tratar da doença.

O músico foi diagnosticado com câncer no estômago e, depois de fazer tratamento, descobriu que a doença tinha se espalhado para o fígado.

"Quando eu voltar, estarei mais forte, com o amor de Deus. Com a vontade Dele, estarei de volta logo", disse em publicação em uma rede social na época do cancelamento.

Bradley era conhecido por covers de James Brown (1933-2006). Foi entoando canções do ídolo que seu talento foi descoberto por Gabriel Roth, cofundador da gravadora Daptone, que lançou as primeiras canções do cantor.

Nascido na Flórida, Bradley conviveu com a miséria. Aos 14, vivia na rua, dormia no metrô e fugia da polícia. Adulto, aprendeu a ser cozinheiro e alternou subempregos e exibições amadoras.

Veja o vídeo

O disco de estreia é de 2011, "No Time for Dreaming". "Victim of Love" (2013) e "Changes" (2016) vieram em seguida.

PASSADO DOLORIDO

Em entrevista à Folha em 2015 (veja vídeo acima), durante passagem pelo Brasil, Bradley falou sobre o papel do negro nos Estado Unidos.

"Diria que sempre foi muito difícil, mas os negros têm que entender que hoje existem muitas oportunidades nos EUA. Eles, às vezes, ficam presos ao passado dolorido que viveram. É preciso descobrir quem você é. Claro que o mundo não te dará todo o amor que merece, mas quando você demonstra o seu amor, alguém irá recebê-lo. Foi assim que as oportunidades me apareceram."


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