Folha de S. Paulo


Livro da jornalista Jeannette Walls aborda vida em família disfuncional

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Brie Larson como Jeannette Walls na adaptação de 'O Castelo de Vidro' para o cinema
Brie Larson como Jeannette Walls na adaptação de 'O Castelo de Vidro' para o cinema

Aos três anos de idade, Jeannette queimou todo o lado direito do corpo ao cozinhar, de pé sobre uma cadeira à beira do fogão, salsichas para o almoço.

Ela seria retirada à força do hospital três semanas depois, nos braços do pai bêbado e carismático, que considerava os cuidados médicos desnecessários.

Essa é a memória mais antiga da jornalista americana Jeanette Walls e dá o tom da autobiografia "O Castelo de Vidro", que chega às bancas no próximo domingo (24), pela Coleção Folha Mulheres na Literatura.

O livro, originalmente lançado em 2005, revela o passado até então secreto da colunista social, que frequentava as altas rodas de Nova York enquanto sua mãe, sem-teto, revirava o lixo de Manhattan atrás de comida.

A narrativa surpreendente vendeu mais de 2,7 milhões de cópias, foi traduzida em 30 idiomas e ganhou adaptação no filme homônimo, com os atores Brie Larson, Naomi Watts e Woody Harrelson nos papéis principais.

Criados por um pai alcoólatra que levava a vida de forma quixotesca e uma mãe emocionalmente instável que passava os dias a pintar quadros, Jeanette e os irmãos Lori, Brian e Maureen cresceram na ambivalência do anseio por uma vida mais estável e o desejo pela aventura.

Os três eram encorajados a ter grandes sonhos ao mesmo tempo que viviam uma vida nômade pelo interior dos EUA, em condições precárias e sendo alvo de abusos físicos e psicológicos.

"O valor da qualidade de uma obra pode estar na sua capacidade expressiva de trabalhar uma linguagem e, em outro momento, ao narrar histórias envolventes calcadas na experiência pessoal", diz o crítico Manuel da Costa Pinto, colunista da Folha e curador da coleção.

Jeannette Walls - O Castelo de Vidro (Vol. 07)
Jeannette Walls
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O best-seller de Walls reconta, de forma sensível, o passado e cria uma história de superação sem cair na armadilha de analisar psicologicamente os pais, demonizá-los ou enaltecê-los.

A partir do ponto de vista ingênuo de uma criança, a autora reconstitui os fatos de sua biografia, destacando a resiliência e inteligência dela e dos irmãos para construírem um novo futuro para eles mesmos.

Ao mesmo tempo, Walls se reconecta com o passado na tentativa de aceitar quem é.


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