Folha de S. Paulo


Documentário mostra as dores e o lado pé no chão da cantora Lady Gaga

Divulgação
Lady Gaga em cena do documentário 'Gaga: Five Foot Two', da Netflix
Lady Gaga em cena do documentário 'Gaga: Five Foot Two', da Netflix

As dores crônicas que forçaram Lady Gaga a cancelar a sua apresentação no Rock in Rio neste mês ocupam boa parte de "Gaga: Five Foot Two", documentário que destrincha a intimidade da cantora pop e chega nesta sexta (22) à Netflix. Ela se remexe na maca, geme de desconforto.

No Festival de Toronto, onde o filme teve estreia mundial há duas semanas, Gaga chorou ao falar da fibromialgia em conversa com jornalistas. "É difícil, mas é algo libertador também", disse, sobre compartilhar o problema.

Dirigido por Chris Moukarbel, o filme encontra Lady Gaga com um objetivo muito claro de deixar para trás o visual de maquiagem carregada e perucas gigantescas com que ela ganhou os holofotes.

Foi com estilo mais pé no chão que ela promoveu seu novo álbum "Joanne", lançado em 2016. O documentário mostra os bastidores do trabalho e de sua apresentação no Super Bowl, a tradicional final de futebol americano.

"Acho que ela está em um momento de se preocupar com a longevidade da própria obra dela, com a forma como irá sustentá-la", afirma o diretor à Folha, comentando a guinada visual da cantora.

Quando o filme começa, Gaga aparece um tanto mundana, com roupas caseiras, fritando comida em sua mansão em Malibu, na Califórnia.

Moukarbel diz se lembrar do momento em que Gaga surgiu, no fim da década passada, "no momento em que as redes sociais eram novas". "Ela brincava conscientemente com a própria imagem."

Num mundo de nomes com tão pouco talento como o das cantoras pop, a nova-iorquina, hoje com 31 anos, despontou enquanto as gravadoras viviam o auge de sua crise.

Gaga foi sagaz para perceber que só prosperaria se apostasse numa identidade visual marcante e em plataformas de divulgação como o YouTube -daí vieram figurinos como o vestido que parecia de carne crua ou a máscara que engaiolava seu rosto.

Suas performances extravagantes também não ficavam muito atrás, unidas a letras que deglutiam e desancavam os signos do universo pop, como a de "Paparazzi".

"Era uma atitude que me lembrava o punk vinda de uma cantora que compunha as próprias canções, raro no gênero dela", diz Moukarbel.

O diretor conta que a cantora estava reticente ao aceitar o projeto, mas que permitiu ser filmada em seu cotidiano sem grandes exigências. "Só pedia para eu desligar a câmera quando ela estava exausta ou se as conversas envolviam outras pessoas."

Uma dessas conversas, contudo, ele deixou no filme.

Em certo momento, Lady Gaga invoca seu sangue italiano para justificar seu trato direto e lança farpas contra outra cantora americana de sangue italiano, Madonna -sua madrinha do pop. "Eu a admiro, mas queria entender por que ela fala mal de mim pelas costas", afirma Gaga.

Moukarbel diz por que deixou essa passagem no corte final. "Ela não está detonando Madonna, ela a respeita", diz. "É algo que diz mais a respeito de Gaga do que de Madonna."

Lady Gaga

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NA INTERNET
"Gaga: Five Foot Two"
Disponível na Netflix


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