A reunião das cantoras Maria Rita e Melody Gardot no Palco Sunset do Rock in Rio teve origem numa grande influência para ambas: a diva Ella Fitzgerald (1917-1996).
O foco do show esteve no disco "Ella Abraça Jobim", que Ella gravou em 1995 com canções de Tom Jobim. Curiosamente, o encontro da brasileira Maria Rita e da americana Melody repetiu as nacionalidades da aproximação da americana Ella com o brasileiro Tom.
Foi um momento inusitado até agora nesta edição do festival. Nos dois dias anteriores de programação, a proposta evidente dos artistas era fazer o público pular, apesar de uma ou outra balada nos repertórios de Maroon 5 ou Shawn Mendes.
Entre as brincadeiras em ritmo frenético na roda-gigante ou na tirolesa, o agitado pavilhão de games ou os minipalcos patrocinados, comandados por DJs nevosos, parar e ouvir a dupla de cantoras com repertório sofisticado foi uma escolha nada pop.
Para Maria Rita, que em seus trabalhos mais recentes assumiu abertamente seu papel de sambista, cantar de modo "jazzy" representou um retorno para a adolescência.
Na parte inicial do show, cantando sozinha, Maria Rita foi muito bem, em peças variadas de jazz. Abriu com "I've Got You Under My Skin" e teve ótimos momentos, como "The Lady is a Tramp" e "They Can't Take". Pena que, desde esse início, as caixas de som de um dos lados do palco emitiam chiados irritantes e insistentes.
Maria chamou Gardot para, juntas, cantarem "Corcovado", dividindo a letra em português e inglês. Depois, sozinha, a americana cantou "Inútil Paisagem", em português gracioso.
Maria Rita reassumiu o show e fez mais alguns números dançantes. Com o vozeirão, empolgou o público com "Get Happy" e "I've Got My Love to Keep Me Warm".
No final, chamou Gardot para o encerramento com "Águas de Março", cantada em coro pelo público. Maria Rita disse à plateia que o único erro de Ella Fitzgerald no disco com repertório de Tom foi ter deixado esta de fora.
