Folha de S. Paulo


Com beijaço e 'fora, Temer', Hooker e Liniker cantam o amor livre no Rio

Ricardo Borges/Folhapress
Enterro do corpo do jornalista Marcelo Rezende realizado no Cemitério de Congonhas, na Vila Sofia, na zona sul de São Paulo (SP)
Liniker e Johnny Hooker em apresentação no Rock in Rio

Estranho seria se o encontro entre Johnny Hooker, Liniker e Almério não fosse uma espécie de resistência em tempos em que os direitos de LGBTs sofrem duras ameaças.

O trio foi a atração do palco Sunset do Rock in Rio na tarde deste domingo (17). Hooker, estrela principal da escalação, entrou ao som de "Intro" e com acompanhamento de seu público cativo cantou "Touro", "Corpo Fechado" e "Alma Sebosa".

Ele já destilava letras sobre autoestima e descaso a amores ingratos quando Liniker subiu ao palco para cantar juntos "Louise du Brésil".

Sozinha, a cantora dedicou "Zero" a "todas as afetividades, todas as formas de amor e de troca". O clímax foi ao fim de "Flutua", parceria entre os dois, quando fizeram um beijaço no palco, ovacionado.

Ao fundo, um telão mostrava os dizeres "Amar sem Temer" e alertava sobre o Brasil ser o país que mais mata LGBTs. É claro que não demorou para vir uníssono o protesto contra o presidente.

Com Almério, vestido com um colete que lembrava figurinos antigos de Ney Matogrosso, o trio interpretou "Não Recomendado", de Caio Prado, cujos versos traduzem os preconceitos que lhes tentam podar ("a placa de censura no meu rosto diz/ não recomendado à sociedade").

O tom político inevitável só serviu de combustível para um show que terminou em clima carnavalesco com "Escandalizar", depois de uma salva de palmas à avó de Hooker, Gilce Maia, 80, que veio de Pernambuco para vê-lo.


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