Em "Feito na América", Tom Cruise interpreta um piloto que transporta cocaína da Colômbia para os Estados Unidos, nos anos 1980.
Baseado na história de Barry Seal, que voava para a CIA e construiu um império de contrabando entre as Américas, o longa fornece o papel mais ousado do astro desde "Trovão Tropical" (2008).
"Tom é um ator destemido", diz à Folha o diretor Doug Liman ("A Identidade Bourne"), que volta a trabalhar com Cruise depois de "No Limite do Amanhã" (2014). "Não tive dúvidas ao chamá-lo para fazer um contrabandista amoral."
Liman diz não ver Seal como um traficante ou espião a serviço da CIA –ele fazia registros aéreos para auxiliar a busca por Pablo Escobar.
"Era um oportunista", acredita ele. O foco é menos nas consequências dos atos e mais na adrenalina das viagens entre Colômbia e EUA.
"Ninguém faz mais esses voos por causa dos GPS e radares modernos", diz o diretor. "Seal e sua equipe foram os últimos bandoleiros dos EUA. O faroeste americano terminou nos anos 1980."
Para conseguir o aspecto realista destes voos, o cineasta convocou o diretor de fotografia César Charlone, cujos métodos de "guerrilha" confundiram até o protagonista.
"Tom estava em um momento de ótimo atuação e parou porque não via a câmera. Perguntou se havia alguém filmando e César apareceu por trás da asa do avião", lembra Liman, fã do colega desde "Cidade de Deus" (2002).
"Isso definiu o resto das filmagens. Tom nunca sabia se estava sendo filmado ou de onde estava sendo filmando."
O estilo se encaixou com o fato de o ator saber pilotar e ser conhecido por fazer as cenas de ação sem dublê. "Ele é um piloto extraordinário. Eu queria que a plateia viajasse junto com o filme, então era essencial ter alguém assim. Todos as cenas de voos trazem Tom pilotando o avião de verdade", diz Liman.
É um exagero, claro. Em certo momento, Seal está com a mulher no avião e provoca uma queda brusca enquanto faz sexo com ela. A sequência, contudo, foi realizada em um estúdio, com guindastes.
"A cena começou real", brinca o diretor. Ele conta que viajava com o ator rumo a uma pista na selva quando adormeceu na parte de trás da aeronave. "Tom jogou a aeronave para baixo e acordei ao bater com força no teto. Foi uma ideia engraçada, mas radical."
Algo bem mais grave aconteceu com três membros da equipe, em setembro de 2015. A aeronave com os especialistas em aviação do filme caiu perto de La Clarita, na Colômbia, e dois morreram.
"Pilotar aviões pequenos é perigoso", resume o diretor, que não pode comentar o fato por causa dos processos relativos ao acidente.
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Assista ao trailer de 'Feito na América'
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