Folha de S. Paulo


Novo espaço no Rio é dedicado à criação musical e experiências sonoras

Renata Mello/Divulgação
Show de Alice Caymmi no Labsônica, no Rio de Janeiro
Show de Alice Caymmi no Labsônica, no Rio de Janeiro

Música "é mais do que um produto fonográfico. É um movimento, o reflexo de como vivemos", diz Fabiana Batistela, que organiza a Semana Internacional da Música, festival paulistano dedicado a negócios. Para o cantor Lucas Santtana, "é o som do seu filho quando ele sai da barriga da mulher. Estamos imersos em experiências musicais durante todo o dia".

A tentativa de definir o que é música produz respostas variadas, como as obtidas durante debate do qual participaram Batistela e Santtana, na segunda (4), em evento de lançamento do projeto Labsonica, uma iniciativa da instituição Oi Futuro, no Rio.

Além do debate, a noite teve performance da artista Lenora de Barros, instalação do grupo Cão e shows que reuniram nomes como Alice Caymmi + Relógios de Dalí e Combo Cordeiro (Felipe Cordeiro, Manuel Cordeiro) + Keila (ex-vocalista da Gang do Eletro), entre outras atrações.

A reunião de show, performance, instalação e DJs pretendia sintetizar a proposta do projeto Labsonica: um espaço dedicado a incentivar a criação de música –não importa se tradicional ou se feita para instalação artística ou trilha para games.

"Queremos ajudar a produzir experiências sonoras", afirma Roberto Guimarães, diretor de Cultura da Oi. "Era a hora de investir no começo do processo criativo."

O espaço ficará sediado em um andar de cerca de 500 m² dentro de um prédio administrativo do Oi Futuro, no Flamengo. A inauguração será no início de dezembro, mas na noite de segunda foi aberta a consulta pública para o primeiro edital de ocupação do espaço. Esse edital terá como foco artistas e gravadoras independentes.

"Preferimos não lançar o edital direto, mas fazer uma consulta pública, para que todos possam opinar", diz Guimarães. "Esse edital pretende ocupar o estúdio. Queremos atrair músicos que não têm dinheiro para alugar um estúdio. Em outros editais, vamos buscar pesquisadores sonoros, desenvolvedores de games."

Em setembro de 2017, época em que é possível gravar uma música por meio de um celular equipado com softwares leves e baratos, ainda existe a necessidade de um estúdio tradicional, com equipamentos digitais e analógicos?

Para Guimarães, sim. "Ouvimos vários elos da cadeia de produção e divulgação da música, e percebemos que um bom estúdio ainda é muito importante. Queremos trazer gente que nunca entrou em um estúdio. E, no futuro, criar programas de bolsistas ou de mentorias."

Segundo o diretor, "o mais difícil é fazer com que esse circuito se movimente. Que uma artista sonora trabalhe junto com um funkeiro, por exemplo. Sem limitações, sem rótulos".

Nesse sentido, encaixa-se o trabalho apresentado pelo grupo Cão no evento de lançamento. O quarteto formado pelos artistas Maurício Ianês, Dora Longo Bahia, Ricardo Carioba e Bruno Palazzo apresentou uma instalação chamada "Maria da Penha", na qual trechos sonoros eram tocados junto com o acionamento de estrobos e lâmpadas giroflex. Para a obra, foram compostos 25 trechos sonoros de um minuto cada um.


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