Folha de S. Paulo


Bienalsur espalha obras de mais de 250 artistas por 16 países

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Touch 2017', obra de Regina Silveira
'Touch 2017', obra de Regina Silveira

A partir desta sexta-feira (1), a cidade de Buenos Aires começa a receber intervenções em espaços públicos, além de abrir seus centros culturais para exposições da Bienalsur (Bienal Internacional de Arte Contemporáneo de América del Sur) –evento multinacional que ocorre até dezembro também em outras 29 cidades, em 16 países, com 250 artistas.

O título traz um jogo de palavras, pois pode também ser lido como "bien al sur" (bem ao sul, em português).

"Quando se fala de blocos econômicos e políticos, o grande erro é não dar o devido valor à integração cultural entre os países da região, porque só esse aspecto é que permite que os dois anteriores tenham sucesso", diz à Folha Anibal Jozami, sociólogo e reitor da Universidad Nacional de Tres de Febrero, instituição que coordena o evento, com parcerias em distintos países.

A capital argentina já sente os primeiros efeitos. Além das obras expostas em lugares como o Centro Cultural Recoleta, o Hotel dos Imigrantes, o Centro Cultural Kirchner e o Parque de la Memoria, haverá instalações espalhadas em distintos pontos.

No tradicional Palais de Glace, na Recoleta, o francês Bertrand Ivanoff pintou faixas coloridas, enquanto a americana Katie Urban desenhou um olho para o edifício do Museu de Arquitetura e Desenho, que fica numa esquina de intenso tráfego. "Não é nossa intenção causar acidentes, mas quem estiver dirigindo vai diminuir a velocidade para vê-lo, é impactante", diz Jozami.

Ainda na Argentina, haverá instalações fora da capital, como a obra da polonesa Angelika Markul, no glaciar Perito Moreno, na Patagônia, e do brasileiro Eduardo Srur, que trará ao país uma versão de seu projeto PETS, com esculturas flutuantes.

Do outro lado do rio da Prata, na capital uruguaia, a argentina Eugenia Calvo usa uma ala de uma antiga prisão na instalação que simula a sensação de encarceramento.

Também haverá mostras e instalações em Assunção (Paraguai); São Paulo e Rio de Janeiro (Brasil); Bogotá (Colômbia); Cidade do México; Havana (Cuba); Paris (França); e Tóquio (Japão), entre outras.

Todos os países da América Latina estão representados, menos a Venezuela. "Nós fizemos contatos, mas, infelizmente, como a situação lá está muito grave, os próprios venezuelanos nos disseram não terem condições de assumir o compromisso", diz Jozami.

O país será contemplado, porém, numa das duas instalações de fronteiras que estão planejadas. A primeira, "Triângulo Terrestre", será entre o Chile e o Peru, numa área em que há disputa pela soberania, e foi idealizada por um conjunto de artistas dos dois países. Outra parecida terá lugar na fronteira entre a Colômbia e a Venezuela.

A diretora artística do evento, Diana Wechsler, disse que não foi definido um tema prévio. "Preferimos receber os trabalhos primeiro e deles extrair os temas e os eixos das mostras", afirmou.

Assim que a convocação foi aberta, os curadores receberam mais de 2.500 propostas, de 78 países. Segundo Wechsler, os temas mais recorrentes são os que se referem a preocupações contemporâneas, como a imigração.

Um mapa para localizar obras e instituições está disponível no site oficial do evento (www.bienalsur.org ).


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