Terceiro volume da Coleção Folha Mulheres na Literatura, "A Casa dos Espíritos", chega às bancas no domingo (27), apresentando a visão da escritora Isabel Allende da história latino-americana por meio das questões políticas e sociais do Chile no século 20.
Lançado em 1982, o romance narra a tumultuosa vida de uma família ao longo de quatro gerações de mulheres insubordinadas ao contexto social e ao machismo da época: as personagens Nivea, Clara, Blanca e Alba.
Representante do gênero literário conhecido como realismo mágico, a obra de estreia da chilena ganhou prestígio internacional ao misturar elementos fantásticos à narrativa pessoal de Allende.
Esteban Trueba, o autocrático patriarca da família Trueba, por exemplo, teve inspiração no próprio avô da autora. Foi por causa dele, inclusive, que Allende começou a redigir "A Casa dos Espíritos", em um esforço para que as recordações do avô não fossem esquecidas após sua morte.
O período de ditadura vivido no Chile entre 1973 e 1990 também é pano de fundo e uma das principais motivações da escritora.
Prima do presidente deposto Salvador Allende, a autora teve de largar a carreira de jornalista e o país natal na época e se exilar na Venezuela, onde decidiu dar vida ao livro como um exercício de memória e nostalgia.
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"Allende se transformou em um fenômeno mundial porque criou empatia ao tratar a experiência pessoal com sensibilidade", afirma o crítico Manuel da Costa Pinto, colunista da Folha e curador da coleção.
Ao transcender a perspectiva individual e trazer conflitos d existência humana, o sucesso do best-seller de Isabel Allende ultrapassou as fronteiras da América Latina e ganhou uma adaptação para o cinema em 1993.
O filme, dirigido pelo diretor dinamarquês Bille August, tem um elenco de atores renomados, como Meryl Streep, Glenn Close, Jeremy Irons, Antonio Banderas e Winona Ryder.