Folha de S. Paulo


Lançado nesta quarta, 'São Paulo nas Alturas' revê milagre arquitetônico

Com apenas 10 anos, Raul Juste Lores saía com um mapa pelas ruas de Santos, sua cidade natal. Andava por horas para conhecer prédios.

Recém-formado em jornalismo, ele trocou Santos por São Paulo, onde o hábito de passear a pé se manteve. Aos poucos, Lores percebeu que seus edifícios paulistanos favoritos tinham sido erguidos na mesma época, entre as décadas de 1950 e 1960.

O livro "São Paulo nas Alturas", que chega agora às lojas, começou a nascer nessas andanças. Mas foi no retorno do jornalista à capital paulista, em 2015, após temporada como correspondente da Folha em Washington, que o trabalho ganhou fôlego.

Lores, 42, se lançou às entrevistas –cerca de 200– e à leitura de 80 teses e livros.

Publicado pela Três Estrelas, selo do Grupo Folha, "São Paulo nas Alturas" reconstitui a história e os projetos dos expoentes desse período, batizado como "milagre da arquitetura".

Nomes conhecidos, como Oscar Niemeyer (Copan) e David Libeskind (Conjunto Nacional), conduziram a revolução modernista da arquitetura em São Paulo. Mas não só eles, conta Lores.

Um dos méritos do livro é devolver visibilidade a arquitetos criativos daquela época que foram deixados de lado até pela academia. "As universidades estão mudando, mas lentamente. Até um gigante como Rino Levi demorou para entrar no radar das faculdades", diz ele, hoje repórter especial da Folha.

Estão nesta página projetos de alguns desses modernistas esquecidos, como o casal italiano Maria Bardelli e Ermano Sifreddi.

O talento dos arquitetos, contudo, seria em vão não fossem os incorporadores abertos à inovação. Era o caso de Artacho Jurado, que também desenhava seus projetos, e Octavio Frias de Oliveira (1912-2007), posteriormente publisher da Folha.

São Paulo Nas Alturas
Raul Juste Lores
l
Comprar

A era de ouro da arquitetura paulistana, infelizmente, mal alcançou duas décadas.

O descontrole financeiro nos anos Juscelino Kubitschek, que deixou o mercado avesso ao risco, e a legislação municipal de 1957, responsável por restringir a verticalização, foram determinantes para o fim do "milagre".

"São Paulo nas Alturas" reúne ainda sugestões de rotas com os principais edifícios desse período na cidade. Um livro, portanto, para ler e levar a tiracolo nos passeios pela São Paulo modernista.

*

SÃO PAULO NAS ALTURAS
AUTOR Raul Juste Lores
EDITORA Três Estrelas
QUANTO R$ 59,90 (340 págs.)
LANÇAMENTO quarta (16), das 18h30 às 21h30, na Livraria da Vila (al. Lorena, 1.731, Jardins); na quinta (17), acontece bate-papo, às 20h, com o autor e Marcelo Tas na Unibes (r. Oscar Freire, 2.500)


Endereço da página:

Links no texto: