Folha de S. Paulo


Com Claudia Raia, musical 'Cantando na Chuva' resgata essência do filme

Conta-se que Gene Kelly estava doente e febril quando gravou a famosa cena do filme "Cantando na Chuva" (1952), sapateando e cantarolando sob um temporal.

Para a quase centena de sessões previstas para a montagem brasileira do musical, que estreia neste sábado (12), a produção buscou frear possíveis resfriados.

Os 10.000 litros de água que criam o efeito de chuva sobre o palco são armazenados em tanques com um sistema para manter o líquido a uma temperatura de 29ºC. O chão, formado de ripas, como um deque, escoa a água, que retorna para os reservatórios.

Na cena, Jarbas Homem de Mello, que vive Don Lockwood, mesmo papel de Kelly, terá os figurinos impermeabilizados. As roupas molham, mas não encharcam, e o ator sai de cena direto para uma estufa, onde se seca. A estrutura foi montada pela empresa inglesa responsável pela versão londrina do musical.

Broadway Ballet

A adaptação brasileira, autorizada a captar R$ 9,3 milhões via Rouanet, foi idealizada pelo casal Jarbas e Claudia Raia em 2012, após eles verem o musical em Londres.

Decidiram comprar os direitos, mas fazer alterações. Achavam que a versão londrina tinha "descaracterizado" aspectos do original e buscaram mais fidelidade ao filme –a dança na chuva era acompanhada por um ensemble, o que não acontece no longa.

A história segue a mesma, um retrato da transição do cinema mudo para o falado. Os atores Lockwood e Lina Lamont (Claudia Raia), casal símbolo das produções mudas, sofre o baque da introdução do áudio. Em especial porque Lina, bela e elegante, revela-se estridente e repleta de erros no seu falar.

O Show Vai Começar

"Ela tem erros de português gravíssimos, mas é um vocabulário dela", diz Claudia, que utiliza uma voz aguda e mistura diversos sotaques brasileiros. "A gente passou por Minas, pelo Nordeste e tem um caipirês."

Como Lina não sabe cantar nem dançar, Claudia desafina nas músicas. E ganhou uma outra cena. É ela que interpreta a bailarina –papel de Cyd Charisse no cinema– que dança numa espécie de sonho dos protagonistas. "Algumas pessoas querem me ver dançar ainda", diz ela, que iniciou a carreira no balé.

Dirigida pelo americano Fred Hanson, a peça também brinca com os bastidores do cinema, em especial nas filmagens de "O Cavaleiro Galante", fictício filme de época protagonizado por Lockwood e Lamont –e que terá participações em vídeo de Reynaldo Gianecchini e Marcelo Medici, gravadas no Palácio dos Cedros, em São Paulo.

Bom Dia

A estrutura de chuva volta para a última cena da peça, uma espécie de epílogo em que os atores aparecem com capas amarelas e guarda-chuvas cantando a música-título.

Na versão em português de Mariana Elisabetsky e Victor Mühlethaler, ganhou os versos iniciais: "Eu canto por aí/ Eu danço por aí/ Cantando na chuva,/ a vida sorri".

*

CANTANDO NA CHUVA
QUANDO qui e sex., às 21h, sáb., às 17h e 21h, dom., às 16h e 20h; estreia 12/8; até 26/11
ONDE Teatro Santander - complexo do shopping JK, av. Juscelino Kubitschek, 2.041, tel. (11) 4003-1022
QUANTO R$ 50 a R$ 260
CLASSIFICAÇÃO livre


Endereço da página:

Links no texto: