Folha de S. Paulo


CRÍTICA

Novo 'Diário de um Banana' é triste retrato do entretenimento

Daniel McFadden/Divulgação
Cena de
O ator Jason Drucker em cena de "Diário de um Banana: Caindo na Estrada" (2017)

DIÁRIO DE UM BANANA: CAINDO NA ESTRADA (ruim)
(Diary of a Wimpy Kid: The Long Haul)
ELENCO Jason Ian Drucker, Alicia Silverstone, Tom Everett Scott
PRODUÇÃO EUA, 2017, livre
DIREÇÃO David Bowers
Veja salas e horários de exibição.

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Num contexto de profunda infantilização do público de cinema, e, como consequência, também dos filmes, fica difícil saber o que vem a ser um produto infanto-juvenil. Talvez seja mais fácil dizer que é para toda a família.

Esse é o caso de "Diário de um Banana: Caindo na Estrada", longa de David Bowers que continua a saga do banana Greg Heffley (Jason Drucker, vivendo pela primeira vez o papel que antes era interpretado por Zachary Gordon). Greg é um menino de doze anos que tem o dom de se meter em confusões.

Neste quarto longa da série baseada em livros de sucesso de Jeff Kinney (também coautor do roteiro), todo o elenco foi reformulado.

No papel do pai, antes interpretado por Steve Zahn, está Tom Everett Scott. O insuportável adolescente Rodrick, antes vivido por Devon Bostick, agora é Charlie Wright. No papel da mãe, a grande surpresa. No lugar de
Rachael Harris entrou a ex-musa teen, agora com quarenta anos, Alicia Silverstone (de "As Patricinhas de Beverly Hills").

Greg viaja com a família para o aniversário de 90 anos da avó. O que ele quer, na verdade, é ir a uma convenção de fanáticos por games. É a oportunidade que encontrou para limpar seu nome, jogado na lama virtual por causa de um vídeo que viralizou na internet, em que ele tem a mão direita grudada a uma fralda usada.

Parece difícil acreditar que algo assim seja feito em 2017. Estamos no reino dos piores road-movies juvenis. Uma espécie de "Férias Frustradas" narrada do ponto de vista do menino.

O que vemos, para dizer a real, é um documentário involuntário sobre a idiotice humana. A representação da decadência de toda uma ideia de civilização.

A escatologia faz parte do trajeto. Temos urina em garrafas de limonadas, vômito na cara de um obeso barbudo, pai se masturbando escondido no banheiro, porco soltando dejetos gasosos, personagens banhados acidentalmente com lama (numa das cenas mais grotescas e mal feitas dos últimos anos).

A atualidade também dá as caras. Tudo que eles fazem pode virar meme ou viralizar. Todos querem lacrar. E Rodrick usa uma camiseta do Motörhead, antiga banda de roqueiros malvados, agora modinha para descolados.

"Diário de um Banana: Caindo na Estrada" é o retrato de um triste estado das coisas que muitos insistem em chamar de entretenimento.


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