O corpo do cantor Luiz Melodia chegou neste sábado (5), ao cemitério do Catumbi, no Rio de Janeiro, acompanhado por um imenso cortejo que partiu da quadra da escola de samba Estácio de Sá.
Cerca de 150 amigos e fãs do cantor entraram no cemitério cantando as músicas mais famosas de Melodia, como "Pérola Negra" e "Estácio, Holly Estácio" e receberam o carro funerário com aplausos.
O cantor morreu na madrugada desta sexta-feira (4) em decorrência de um câncer na medula óssea. Ele estava internado no hospital Quinta D'Or. O corpo foi velado na quadra da Estácio.
A atriz Zezé Mota, muito emocionada, disse que Melodia era seu irmão de coração. "Trabalhamos juntos. Foi uma amizade de mais de 40 anos. Não dá para comparar a obra dele. Ele é único, como pessoa e como poeta. Ele é muito especial", disse. Logo depois, para o público, Zezé disse em voz alta: "Meu amigo, meu irmão, meu ídolo! Nosso consolo é que a obra dele ficará conosco eternamente".
A atriz Regina Casé também comentou sobre o amigo. "Ele era de uma elegância suprema. Talvez a pessoa mais elegante que já vimos. Claro que ele vai fazer uma falta enorme num momento de tanta deselegância e falta de leveza."
A irmã de Melodia, Vânia Fernandes, disse que Melodia era mais do que um irmão. "Ele foi um amigo, meu companheiro, meu segundo pai, ajudou a me criar, viajou comigo, me deu muito presente. Eu sou a caçula, vivemos momentos muito felizes juntos deixar muitas saudades, o que ele plantou nos nossos corações vai deixar para vida toda", disse.
A mulher de Luiz Melodia, Jane Reis, e o filho, Mahal Reis, chegaram ao cemitério muito emocionados. Jane e Mahal estavam segurando rosas brancas. A viúva também carregava um livro do escritor Manoel de Barros. O corpo foi sepultado com os amigos e familiares cantando baixinho a música "Pérola Negra" e "Estácio, Holy Estácio", acompanhados de trompete, violão e bumbo.
Antes de fecharem a sepultura, Jane disse "vai em paz, meu amor". Logo em seguida, uma outra pessoa gritou "viva a resistência negra desse país, viva a cultura da favela". Em seguida, os amigos e os familiares organizaram uma roda de samba ao lado da sepultura e deram o último adeus ao músico com pensamentos positivos e descontração.
.
"Meu pai sempre foi muito amoroso, sábio e inteligentíssimo. Ele deixou um legado humano e artístico infinito. Como ensinamentos, ele me deixou a nobreza do ser humano e como a pessoa deve se comportar. Ele era muito solidário. Essa homenagem com samba fez ele ir embora em paz, com serenidade. Fiquei emocionado", disse Mahal.