Folha de S. Paulo


CRÍTICA

'Game of Thrones' engata de vez com intriga, reviravolta e morte

GAME OF THRONES (bom)
QUANDO aos domingos, às 22h, na HBO

*

Após dois episódios chochos, a sétima temporada de "Game of Thrones" finalmente engatou na noite deste domingo (30), na HBO, com a exibição de seu terceiro capítulo.

Sem contar com embates mirabolantes como a batalha naval que foi o desfecho do anterior, o episódio acertou por investir no que a série tem de melhor –intriga e reviravolta. E teve ainda a morte de um personagem querido, que é outra das graças da atração.

Veja o que aconteceu (ATENÇÃO AOS SPOILERS):

A sequência inicial já entregou um encontro que nunca havia ocorrido desde que "Game of Thrones" foi ao ar, a partir de 2011: entre o bastardo Jon Snow, agora coroado rei do Norte, e Daenerys Targaryen, a inquebrantável postulante ao Trono de Ferro.

Acompanhado de Sor Davos, Snow chegou rapidinho na Pedra do Dragão, a ilha onde as tropas de Daenerys estão estacionadas –atravessar longas distâncias na série nunca foi uma questão muito bem resolvida no roteiro; os personagens ora demoram meses para cruzar o continente ora fazem toda a viagem assim de uma hora para a outra.

Articulado pela bruxa Melisandre, o encontro entre os dois protagonistas não deslanchou bem de início. Jon Snow implorou ajuda para conter os Outros, a trupe de mortos-vivos que vivem além da Muralha, mas não foi prontamente atendido por Daenerys, que esperava do bastardo Stark um juramento de vassalagem.

Antes de finalmente ceder uma ajudinha a Snow, a herdeira Targaryen deixará bem claro a ele que ela não tem fé nos mortos nem nos deuses nem em ninguém... Só nela mesma.

O embate entre os dois personagens tomou um terço do episódio, com o anão Tyrion Lannister funcionando como um intermediário, e o eunuco Varys botando Melisandre contra a parede –não sem antes ouvir da feiticeira que o fim dele também pode estar próximo.

Ao norte de Westeros, outro encontro –no caso, de personagens que não se viam desde a primeira temporada: os irmãos Sansa e Bran Stark. O último, descendente legítimo da Casa Stark, disse à irmã que renuncia a seu título e que seu papel será mesmo o de Corvo de Três Olhos.

Isso vai deixar Sansa no comando militar do Norte na ausência de Jon Snow, mas com o traiçoeiro Mindinho a lhe sussurrar no ouvido que nem todos os amigos são sempre amigos e nem todos os inimigos são sempre inimigos. As intrigas dele ao que parece darão o tom à temporada.

Na capital de Westeros, o corsário Euron Greyjoy se capitalizou em cima da vitória naval contra seus sobrinhos, Theon e Yara, e entregou Ellaria Sand e a filha como prisioneiras de guerra a Cersei, atual ocupante do Trono de Ferro. A rainha Lannister prontamente tratou de se vingar da morte da filha, Myrcella, ocorrida temporadas atrás, pondo em prática o seu sadismo habitual.

A reviravolta mais interessante foi a que deu pontos a favor dos Lannister, família que começou a sétima temporada com uma meia vitória. Embora entronada, o reinado de Cersei estava por um fio, sem apoio das outras casas de Westeros.

Do outro lado do ringue, Daenerys parecia invencível, unida a ex-escravos, aos dothraki, às famílias Tyrell e Martell, aos dissidentes Greyjoy e tendo sob seu poder três dragões.

Mas para o bem geral da narrativa, sua sorte está mudando: os Lannister conseguiram emboscar o exército da herdeira Targaryen no Rochedo Casterly e ainda derrubar a abastada família Tyrell.

O episódio termina com a morte da matriarca Olenna Tyrell, a mais espirituosa personagem da série –e uma das mais espertas também–, que deixou para as palavras finais uma revelação não assim tão inesperada: a de que foi ela quem mandou envenenar o rei Joffrey, primogênito de Cersei.


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