Folha de S. Paulo


Novo ministro da Cultura critica 'clima de radicalização' e pede união

Pedro Ladeira/Folhapress
O presidente Michel Temer durante cerimônia de posse de Sérgio Sá Leitão como Ministro da Cultura
O presidente Michel Temer durante cerimônia de posse de Sérgio Sá Leitão como Ministro da Cultura

Diante de uma classe artística que rejeita o governo do presidente Michel Temer (PMDB), o novo ministro da Cultura, Sérgio Sá Leitão, empossado nesta terça-feira (25), pediu união.

"Esse clima de radicalização não interessa a ninguém. Espero que sejamos pragmáticos e que possamos encontrar áreas de consenso."

Nomes expressivos da cultura, como Caetano Veloso, querem a renúncia do presidente e a realização de eleições diretas.

Leitão disse que quer ser o ministro "de toda a cultura brasileira", mas criticou o que chamou de "reação descabida" daqueles que rejeitam "o bom senso e a contemporaneidade".

A uma semana da votação pela Câmara sobre o prosseguimento da denúncia contra o presidente por corrupção passiva, Sá Leitão foi evasivo quando lhe foi perguntado se acredita na inocência de Temer.

"Não é questão de acreditar ou não. Eu fui convidado para fazer um trabalho e o farei da melhor forma possível. O Brasil precisa sair da crise, precisa de estabilidade. Espero que tudo saia conforme a constituição e a lei."

Em seu discurso de posse, o jornalista defendeu as reformas do governo Michel Temer (PMDB).

"O Brasil de hoje exige que mais brasileiros sérios agarrem as rédeas do nosso destino. Nós precisamos sair logo da crise, em todas as áreas, e precisamos construir esse país que sonhamos. E isso se faz com reformas estruturais, não com a fácil omissão", disse.

Leitão reconheceu que assume em um "momento difícil no país" e disse que é necessário "ressuscitar sonhos". "As condições do país são adversas e estamos começando a sair da maior recessão de nossa história", disse.

O novo ministro disse querer "reconstruir o MinC". "Farei o possível para reduzir custos e aumentar receitas por meio de um choque de gestão. Quero desburocratizar o MinC."

No Orçamento de 2017, a pasta tem R$ 2,7 bilhões -menos, por exemplo, que o reservado à Universidade Federal do Rio de Janeiro ou ao IBGE. Segundo Sá Leitão, Temer se mostrou "sensível" a um possível aumento de recursos para a pasta.

Está sob sua jurisdição, ainda, R$ 1,7 bilhão ao ano em benefícios tributários como os da Lei Rouanet (de renúncia fiscal), que o novo ministro elogiou. "Não faz sentido substituirmos a lei", afirmou.

Sá Leitão diz que quer modificá-la para que seja possível introduzir financiamento por fundos patrimoniais e crowdfunding.

No início do seu discurso, o novo ministros agradeceu a presença do ex-presidente José Sarney e disse que se sentiu honrado por ele ter participado de sua posse, já que a pasta foi criada na gestão do peemedebista.

"Muito obrigado, presidente José Sarney, a cultura deve muito ao senhor. E essa homenagem é mais do que necessária", disse.

Na posse, além de Sarney, estiveram presentes representantes do setor audiovisual, no qual Sá Leitão tem experiência, como os cineastas Cacá Diegues, Carla Camurati e Vladimir Carvalho.

Artistas ligados ao Carnaval do Rio também marcaram presença, como Tia Surica, da Portela. Isso porque, com a redução da subvenção municipal do Rio ao Carnaval, as escolas agora pleiteiam recursos federais.

O cantor Gilberto Gil, de quem o novo ministro foi chefe de gabinete no governo petista, não compareceu. Segundo Leitão, ele estava gravando um programa televisivo e avisou que não poderia participar.

Sá Leitão foi secretário municipal de Cultura do Rio, no governo de Eduardo Paes (PMDB), chefe de gabinete do ministério na gestão de Gilberto Gil (governo Lula) e diretor da Ancine (Agência Nacional do Cinema).


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