Folha de S. Paulo


CRÍTICA

Em reestreia, 'Game of Thrones' enseja embate entre Sansa e Snow

Divulgação
Jon Snow em cena de 'Game of Thrones
Jon Snow em cena de 'Game of Thrones'

GAME OF THRONES (muito bom)
ONDE: estreia dom. (16), na HBO

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O inverno definitivamente chegou em "Game of Thrones", mas as respostas nem tanto.

Tivemos alguns lampejos delas neste primeiro episódio da sétima temporada nas visões do Cão de Caça e nas leituras de Sam, mas, afora uma participação do ruivo cantor pop-folk Ed Sheehan como um guarda dos Lannisters, nenhuma surpresa neste início de temporada de "Game of Thrones" (a sétima, a penúltima, portanto respostas são necessárias).

Os dois personagens, que tiveram papel secundário nas demais temporadas, podem ser os portadores das soluções. (Atenção, spoilers a partir daqui)

Sam (John Bradley), agora treinando para ser um maistre na Cidadela, descobre em um livro onde pode haver uma mina de dragonglass, o mineral capaz de matar os temidos White Walkers/os Outros.

Estes, aliás, avançam em sua marcha para o sul, tão implacáveis quanto Arya Stark (Maisie Williams) em sua extensa lista de vingança –o episódio reserva um trunfo delicioso para quem torce para a Stark mais determinada.

Já o Cão de Caça (Rory McCann), o ex-companheiro de viagem de Arya (Maisie Williams), começa a ter visões no fogo após sua ressurreição. Enxerga a muralha e o ponto onde ela é mais vulnerável, o que pode mostrar ao mais niilista dos personagens da história que ele tem um propósito.

Se os nomes secundários são os que lançam as informações mais interessantes para o desenrolar da história, contudo, os protagonistas rateiam.

Cersei Lannister (Lena Headey) deixa claro ao irmão/amante Jaime (Nikolaj Coster-Waldau) que pode encarar em sua estratégia um casamento com o fratricida Euron Greyjoy, não sem antes manipulá-lo a prometer-lhe a cabeça do irmão da própria rainha, Tyrion (Peter Dinklage).

Jaime, talvez o personagem com mais nuances na série, titubeia. Para os que torcem pelo cavaleiro, é um sinal de que ele não é de todo mau.

Em Winterfell, Sansa (Sophie Turner), Jon (Kit Harington), e seus novos amigos, os Selvagens, estão cobrando dos vizinhos do norte que lhes jurarem lealdade. A menina lady Mormont (Elizabeth Barrett) está de volta (com um monólogo arrasador), e seus futuros vassalos não são mais, em sua maioria, do que crianças e adolescentes.

Mas antes disso, parece que os irmãos Stark terão que buscar um consenso entre si. O crédulo Jon e a agora cínica Sansa parecem se desentender, para alegria de Mindinho/Liitle Finger (Aidan Gillen).

Não é difícil imaginar uma cisão entre os dois, considerando que a mais velha das moças Stark parece ter adquirido um senso de realidade e um domínio da política bem maior que o do irmão bastardo, a quem confessa ter aprendido muito com a estrategista-mor Cersei.

Seria interessante se ela - e não Jon ou Daenerys (Emilia Clarke)- fosse aquela a salvar Westeros. Sansa, até agora, se provou a mais resiliente de todos os Stark (se não incluirmos como "resiliência" a capacidade de ressurreição).

Daenerys, por sua vez, avança em sua jornada para Westeros retornando às antigas terras dos Targaryen, tomadas antes pelo finado Stannis Baratheon (Stephen Dillane).

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A chave do episódio, porém, vem na forma de um arquimeistre de ares pragmáticos que orienta Sam na Cidadela.

Em um tom atipicamente otimista para aqueles que acompanham a série, o decano lembra o pupilo que outros invernos vieram, outras desgraças inevitáveis foram consideradas o fim do mundo, e ainda assim a nação persistiu.

O papel deles, meistres, é repassar a história a um povo de memória curta e visão imediatista.

É uma mensagem sobre Westeros, mas pode também ser uma mensagem para todos nós.


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