Folha de S. Paulo


Fenômeno 'Game of Thrones' reestreia tendo que amarrar múltiplas tramas

O ator Peter Dinklage, que interpreta o anão Tyrion Lannister em "Game of Thrones", diz cumprir um ritual quando recebe o script de uma nova temporada da série: corre as páginas até o fim para ver se seu personagem vai morrer em algum dos episódios.

Não que ele deseje abandonar um dos maiores fenômenos pop da década e que terá sua sétima -e penúltima- temporada indo ao ar na noite deste domingo (16). É que, quando se trata de "Game of Thrones", nem mesmo a vida (ou a morte) dos protagonistas está assegurada.

Divulgação
Jon Snow em cena de 'Game of Thrones
Jon Snow (Kit Harington) em cena de 'Game of Thrones'

É certo, contudo, que encaminhando-se para o desfecho, a nova temporada deve enfim dar um tempo nos personagens paralelos (e são centenas, literalmente) e se concentrar nos principais (que também não são poucos).
Ao menos é isso que tanto os atores quando os roteiristas têm dito, em calculada consonância, nas entrevistas.

"Se você mata dezenas de personagens, os que sobram acabam herdando peso dramático", disse Dan Weiss à revista "Entertainment Weekly". Weiss e David Benioff são os "showrunners" da série -o termo em inglês designa esses "super-roteiristas", que não só criam as tramas como têm status de produtores, escalam elenco, diretores e ditam os rumos dos seriados.

Já era hora de "Game of Thrones" juntar as pontas da trama. O final da sexta temporada deu a entender que o inverno enfim chegou e que as dezenas de núcleos da história agora estarão mais concentrados, na preparação do que será a grande batalha da série.

Daenerys Targaryen (Emilia Clarke), herdeira do disputadíssimo trono, enfim deixou de conquistar territórios afastados e desembarcou no continente de Westeros, onde se passa a parte que realmente interessa da trama. Chega com seus dragões e o apoio da família Martell, da família Tyrell e dos irmãos Greyjoy.

No trono de fato, senta-se Cersei Lannister (Lena Heady), agora sem nenhum de seus filhos vivos, e outra vez reunida ao irmão-amante, Jamie (Nikolaj Coster-Waldau). A rainha terá no encalço o irmão que ela rejeita, Tyrion, agora aliado de Daenerys.

Do lado da família Stark, os embates entre os primos Jon Snow (Kit Harington) e Sansa Stark (Sophie Turner) devem se acirrar com o malicioso Petyr Baelish (Aidan Gillen) zanzando entre eles.

A "Entertainment Weekly" trouxe fotos dos outros irmãos Stark, Arya e Bran, finalmente reunidos a Sansa e Jon Snow. Caso a reunião familiar se confirme, será um alívio para quem não suporta mais duas maçantes temporadas com Bran (Isaac Hempstead Wright) e as visões mediúnicas ou Arya (Maisie Williams) e seu interminável treinamento com os Homens sem Face.

A sétima temporada será também mais uma em que a série está descolada da obra de George R. R. Martin, autor de "As Crônicas de Gelo e Fogo", série de livros em que o seriado é inspirado. Os cinco tomos já lançados dão conta dos eventos narrados até a quinta temporada. A série de TV acabará antes que Martin publique os dois últimos volumes que ainda faltam.

A MAIS PIRATEADA

O desenlace de tantas histórias terá de acontecer agora de forma acelerada: Benioff e Weiss contam que a temporada que começa na noite de hoje terá apenas sete episódios, e não dez, como de costume, e que um ou mais capítulos terão mais de uma hora de duração. Não asseguram que a oitava (e derradeira) temporada irá ao ar no ano que vem. Talvez só em 2019.

QUEM DEVERIA MORRER?

Casey Bloys, presidente de programação da HBO, diz que o canal prepara uma "prequel" -uma série ambientada no mesmo universo, só que em época anterior aos eventos de "Game of Thrones".

Desde que estreou, em 2011, a saga acumula números hiperbólicos: é a mais pirateada de todos os tempos e a mais premiada da história do Emmy, o Oscar da TV (só não aparecerá na edição deste ano por estar inelegível devido à sua data de estreia).

Quando o primeiro episódio da série foi ao ar, entretanto, as chances de sucesso não eram assim tão certas. Na época, as realistas "The Sopranos" e "Six Feet Under" haviam dado à HBO o status de ponta de lança no que se convencionou chamar de "era de ouro da televisão".

Mas levar fantasia à TV era diferente: além de custos de produção maiores (cada episódio custa US$ 7 milhões), havia incerteza quanto à reação do público adulto a uma história de reis e dragões.

Era do cinema que vinha o respaldo para essa temática, com o sucesso de "O Senhor dos Anéis" e "Harry Potter".

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J. R. R. Tolkien, autor de "O Senhor dos Anéis" é a maior influência literária de George R. R. Martin: o escritor americano também criou um universo paralelo com ecos medievais em "Game of Thrones", mas adicionou doses de violência e sexo (castrações, incesto, homossexualidade, prostituição) que o católico Tolkien jamais conceberia.

Tal crueza de "Game of Thrones" pode ter convencido espectadores receosos de um maniqueísmo fantasioso.

NA TV
'Game of Thrones'
Estreia da sétima temporada
Quando domingo (16),às 22h, na HBO


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