Antes de virar estrela midiática e porta-voz de um estilo brasileiro ensolarado, Oskar Metsavaht se tornou gestor criativo, quando o cargo não existia na moda nacional. Senso de oportunidade e tino para contratar formaram o combo que tornou a Osklen cartão-postal da costura relaxada e, posteriormente, sustentável.
Amante de montanhismo e surfe, o médico gaúcho viu o potencial de seu pequeno negócio de casacos térmicos em Búzios. E fez isso como ninguém. Radicou-se no Rio e espremeu gostos pessoais à iconografia local dentro de um padrão minimalista em voga no hemisfério norte nos anos 1990.
O país criava "look" balneário, tipo da grife Richards, minimalismo japonista e pencas de jeans. A sacada foi assumir uma veia casual, imprimir praia, skate e costumes de uma geração íntima da natureza com algum apelo de moda.
A grande virada, nos anos 2000, foi a contratação da estilista Juliana Suassuna, lápis e sangue por trás das características que identificam a moda da Osklen: intervenções em peças simples, desconstrução, estrutura e domínio da linguagem das cores e estampas.
Pouco se falava de sustentabilidade na moda quando a dupla abraçou parcerias com cooperativas e pesquisaram matéria-prima natural -a fibra de juta, a palha de seda, o couro de peixe, o "carbon-free".
O estilo "Reino Unido de Ipanema" -slogan revelador sobre criador e criatura- foi envolvido em embalagem "cool" ecologicamente correta.
A fama de "popstar" engajado veio a galope, e, com senso de oportunidade, os olhos de empreendedor se voltaram para as artes. "A moda está fora de moda", disse Metsavaht, seis meses antes da compra da Osklen pela Alpargatas.
O discurso era o primeiro sinal factível de um afastamento gradativo, confirmado nas últimas duas coleções, bem construídas do ponto de vista mercadológico, mas pobres do brilho da novidade que balançou o tabuleiro da moda e atraiu gente disposta a comprar mais do que camiseta puída ou tênis com três furinhos.