Folha de S. Paulo


Com Elena Roger, turnê celebra Astor Piazzolla em shows gratuitos em SP

Ouvir a obra de Astor Piazzolla (1921-1992) é evocar uma Argentina embebida em nostalgia –ainda que ele seja considerado o pai do tango "moderno", que renovou o gênero com suas referências do jazz, em contraponto ao que os tradicionalistas faziam.

Esse repertório é agora revisto pelo Escalandrum, sexteto de jazz liderado pelo neto do bandoneonista, Daniel "Pipi" Piazzolla, acompanhado da cantora Elena Roger, conhecida por sua interpretação de Evita na Broadway.

Nora Lezano/Divulgação
A cantora argentina Elena Roger com o sexteto de jazz Escalandrum (Daniel Piazzolla na bateria) no primeiro show da turnê do álbum ‘3001’, no Teatro Coliseo, em Buenos Aires
A cantora argentina Elena Roger com o sexteto de jazz Escalandrum (Daniel Piazzolla na bateria)

A parceria começou em 2012, em um encontro acidental dos argentinos em Nova York, e se fortificou em 2014, quando precisaram improvisar uma apresentação sem ensaio durante a inauguração de um museu em Mar del Plata.

Concretizou-se com um álbum em 2016, "3001". Com a turnê do disco, excursionam com apresentações gratuitas por cinco cidades brasileiras até o fim deste mês, antes de embarcar para o Canadá, Espanha, Chile e Israel.

"O repertório foi escolhido por todos, é claro que não iríamos deixar de fora os grandes clássicos de meu avô", diz Pipi, à frente da bateria. Tanto no álbum quanto no palco o sexteto revê composições como "Balada Para un Loco", "Oblivion" e "Vuelvo al Sur".

Essa não é a primeira vez que o sexteto se debruça sobre a obra do compositor. Em 2011, o grupo lançou o álbum "Piazzolla Plays Piazzolla", indicado ao Grammy Latino.

No novo projeto, os arranjos ficaram a cargo do pianista Nicolás Guerschberg. "O desafio foi tentar não repetir versões anteriores", diz ele.

Enquanto as composições de Piazzolla valorizam o instrumental –até mesmo as que foram letradas pelo poeta uruguaio Horacio Ferrer–, as novas versões foram arranjadas de modo a evidenciar a interpretação de Elena Roger.

"Procuro compreender a essência [da obra] e, em seguida, conectá-la à interpretação ao vivo, pessoal e apaixonada", diz Roger, que vem ao Brasil pela primeira vez.

NOSTALGIA
"Na minha infância, meu pai costumava ouvir tango tradicional em seus dias de folga, mas uma vez comprou umas fitas cassetes de Piazzolla e eu pude desfrutar dessa bela música pela primeira vez", diz a cantora.

Roger recorda ainda de andar de carro com seu pai pela av. 9 de Julho, em Buenos Aires, enquanto a rádio tocava "Adiós Nonino", tango que Piazzolla compôs após a morte de seu pai. "Sentia uma grande paixão correndo pelas minhas veias, não havia dúvida de que essa música tinha o ritmo da cidade", diz.

As lembranças são ainda mais frescas na memória de Pipi, a quem a vida e carreira de seu avô influenciaram diretamente. "Graças ao meu avô e ao meu pai, minha casa sempre teve muita música. Escutava-se Mozart, Art Tatum, Oscar Peterson", lembra.

Foi seu avô, a quem acompanhava em concertos, como o memorável de 1983 no Teatro Colón, e com quem falava "sobre música e futebol", que lhe deu sua primeira bateria. "Ele sempre me disse que eu tinha que tocar jazz."

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3001 PROYECTO PIAZZOLLA
QUANDO E ONDE de qui. (22) a dom. (25), às 19h15, na Caixa Cultural São Paulo (pça. da Sé, 111, tel. 11-3321-4400); qua. (28), às 20h, no Teatro do Sesi São Paulo (av. Paulista, 1.313, tel. 11-3528-2000); qui. (29), às 20h, no Sesi Sorocaba (r. Duque de Caxias, 494, Sorocaba, tel. 15-3388-0444), sex. (30), às 20h, no Sesi Rio Claro (av. M 29, 441, Rio Claro, tel. 19-3522-5650)
QUANTO grátis, retirar ingressos 2 horas antes do espetáculo; livre


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