Folha de S. Paulo


Teatro desenhado por Vilanova Artigas em Londrina reabre após incêndio

No dia 12 de fevereiro de 2012, um incêndio consumiu boa parte do teatro Ouro Verde, patrimônio histórico do Paraná e símbolo do município de Londrina. O fogo foi causado por um curto-circuito na parte elétrica do prédio, que estava vazio.

Naquele domingo, enquanto os bombeiros trabalhavam, gente ligada à cultura chorava atrás do cordão de isolamento. Para muitos, era o fim do principal palco da região, que é propriedade da UEL (Universidade
Estadual de Londrina).

Diversas campanhas surgiram na cidade pedindo a reconstrução do Ouro Verde e, cinco anos depois, o edifício projetado pelo arquiteto João Batista Vilanova Artigas (1915-1985), em parceria com o sócio Carlos Cascaldi, está quase pronto para voltar a receber espetáculos.

Bancada com recursos do governo estadual, a reconstrução custou R$ 17,5 milhões.

Estudioso da história de Londrina, o jornalista Widson Schwartz relata que Vilanova Artigas projetou algumas obras na cidade, entre 1948 e 1955.

Naquela época, Londrina tinha apenas 35 mil habitantes e era uma cidade muito nova –foi emancipada em 1934–, mas vivia a efervescência da produção cafeeira.

Artigas recebeu a encomenda de empresários para projetar um prédio que seria a sede da Autolon (Sociedade Auto-Comercial de Londrina) e outro, ao lado, para ser um luxuoso cinema. As obras começaram em 1949 e terminaram em 1952.

"Trata-se de um projeto singular no universo da obra de Artigas. Em um período em que o arquiteto produzia seus projetos pautados pela leveza, transparência e volumetria expressiva, o Ouro Verde é marcado pela robustez", destaca a professora da UFPR (Universidade Federal do Paraná) Juliana Suzuki, autora do livro "Artigas e Cascaldi: Arquitetura em Londrina".

"É também um projeto sofisticado para os padrões da época, em que não se pouparam recursos técnicos e de acabamentos na construção", completa ela.

MOBILIZAÇÃO

O Ouro Verde funcionou como "cine-teatro" até 2002, quando deixou de exibir filmes. Seu palco abrigou o Filo (Festival Internacional de Londrina) e o FML (Festival Internacional de Música de Londrina).

A reconstrução foi fruto de uma grande mobilização: dez escritórios locais de arquitetura e engenharia fizeram os projetos necessários, que foram doados à universidade. Mais de 40 profissionais trabalharam voluntariamente.

Como o edifício é tombado, a originalidade teve que ser preservada ao máximo.

Artigas e Cascaldi Arquitetura em Londrina
Juliana Suzuki
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Inicialmente prevista para terminar em meados de 2015, a obra sofreu com atrasos de pagamentos e chegou a ser paralisada, sendo finalizada no início de 2017. Para voltar a receber espetáculos, faltava apenas os equipamentos de som importados da Itália, que já chegaram e foram instalados.

O novo Ouro Verde terá 726 lugares, teve o palco ampliado e ganhou equipamentos de acessibilidade, como elevadores para cadeirantes. A cerimônia de reinauguração está agendada para 30 de junho.


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