Folha de S. Paulo


Furacão do reggaeton, Maluma quer criar conexão com público brasileiro

"Minha mãe e minha irmã me criaram, e por isso as mulheres são o fator principal, a inspiração para minhas canções", afirma Maluma, 23, um cantor sarado e tatuado, no último andar de um hotel de luxo paulistano.

Ele é o furacão colombiano do reggaeton que ganhou o mundo cantando que está apaixonado por "quatro 'babys'", todas submissas, loucas por ele e insaciáveis na cama. A canção enlouqueceu de raiva quem viu nos versos certa violência machista, mas encheu sua agenda de shows e engordou a conta bancária.

Maluma, no caso, é ao mesmo tempo o cafajeste pegador, um devorador de mocinhas com seu sorriso e jogo de cintura demolidores, e o romântico confesso, açucarado como uma telenovela mexicana.

No Brasil, esse rapaz que críticos musicais da Argentina à Espanha chamam de novo Ricky Martin, novo Enrique Iglesias ou até de Justin Timberlake latino vem conquistando o público na condição de acessório exótico de sertanejos como Lucas Lucco e da funkeira Anitta, com quem gravou o hit "Sim ou Não".

Não, Maluma não é um nome que está na ponta de língua de todos no país, mas no resto do mundo hispânico seus mais de 25 milhões de seguidores no Instagram parecem fazer sim com a cabeça a cada rebolado desse músico.

"Sempre houve dificuldade para os músicos latinos criarem uma conexão com o público brasileiro. Mas quero mudar essa história", diz.

Ou repetir no país, começando com Anitta, o que fez no México com Thalia ou na Colômbia com Shakira –eles cantam juntos "Puro Chantaje", hit que liderou as paradas latinas em 2016 até ser desbancado agora pelo fenômeno "Despacito", de Luis Fonsi.

Um dos maiores hits, "El Perdedor", ganhou versão com os sertanejos Bruninho & Davi. O videoclipe tem mais de 5 milhões de visualizações no YouTube –a original foi vista 888 milhões de vezes.

O colombiano também investe em shows. Ele está entre as atrações do Villa Mix Festival Goiânia, nos dias 1º/7 e 2/7.

REGGAETON

Em termos musicais, o artista colombiano Maluma, aliás, é mais do mesmo numa indústria que vê ressurgir do esquecimento, e com fúria total, o surrado reggaeton.

O estilo saído dos quintais de Porto Rico, que mescla diversos gêneros comorap, reggae, salsa e pop, ganhou as boates do planeta com letras sobre machos alfa conquistando mulheres desavisadas.

Maluma geme em versos arrastados prometendo amor eterno num arranjo poligâmico em "Felices los 4", pedindo uma relação sem compromisso e fugaz em "Sin Contrato" e se gabando de seu poder de atração em "Cuatro Babys", que inspirou um abaixo-assinado liderado por grupos feministas pedindo que seu clipe, visto quase 700 milhões de vezes, saísse do YouTube.

"Lancei essa canção para outro público, um público underground que gosta dessa letra", diz Maluma. "É a música mais forte que tenho no meu repertório, e as pessoas vão aos shows para ouvir essa música. Nunca vou me arrepender de cantar algo que me trouxe um público que eu não tinha antes."

Essa ampliação do público também passa pela tentativa de tornar mais elástico o reggaeton. Ele não gosta de ser rotulado como mais um que aderiu à onda, embora a sonoridade das músicas o enquadrem mesmo nesse estilo.

Seus próximos passos na rota para se transformar numa espécie de Justin Timberlake, o artista que mais quer espelhar, envolvem cantar em inglês e flertar com o rap, o trap –versão mais agressiva da poesia ritmada"" e até mesmo o pop grudento.

"Sempre gostei de salsa, e o reggaeton me acompanhou na infância e durante toda a minha juventude. Mas agora canto sobre as coisas que acontecem comigo. Quero criar o estilo Maluma, quero que me vejam como Maluma."

Talvez por isso suas letras sempre têm um momento em que ele se apresenta, quase soletrando seu nome artístico –Juan Luis Londoño Arias, no caso, se esconde atrás das iniciais dos nomes dos membros de sua família (a mãe Marllí, o pai Luis e a irmã Manuela).

Mas isso é só no nome. No palco e nos clipes em que sensualiza com a câmera, é seu o rosto –e seu corpo de ex-jogador de futebol"" que está em evidência.

"Sou uma pessoa muito real. Não me levanto todos os dias e me olho no espelho para admirar como sou bonito", diz o cantor, que posta quase todos os dias selfies no espelho da academia.

"Sou mais espiritual do que banal, e o físico não me importa tanto, mas chama a atenção das pessoas, então tento tirar vantagem disso."

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