Folha de S. Paulo


crítica

Longa sobre balé parisiense dá vontade de sair dançando

Divulgação
Reset [RelEve: Histoire d'une crEation, Franca, 2017], de Thierry Demaiziere, Alban Teurlai (Fenix Filmes). Genero: documentario Um retrato sobre o renomado coreografo e dancarino Benjamin Millepied, tambem conhecido pelas coreografias em Cisne Negro ***DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM***
Cena de 'Reset', documentário sobre o coreógrafo e dançarino Benjamin Millepied

RESET (ÓTIMO)
PRODUÇÃO: FRANÇA, 2015, LIVRE
DIREÇÃO: THIERRY DEMAIZIÈRE E ALBAN TEURLAI
Veja salas e horários de exibição.

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Dança é ritmo e prazer, diz o coreógrafo Benjamin Millepied em "Reset - O Novo Balé da Ópera de Paris"

A frase de efeito vale para outras artes, como o cinema, e é levada a sério no documentário sobre a montagem da primeira e única obra de Millepied à frente do corpo de baile da instituição francesa.

O longa acompanha os 39 dias entre a criação e a estreia de "Clear, Loud, Bright, Forward", coreografia de Millepied criada para o elenco jovem da companhia.

Para o quesito prazer, tem nas mãos material propício. Excelentes bailarinos, música e dança da melhor qualidade, a cidade de Paris vista do telhado do edifício da Ópera e um diretor jovem vestido como se tivesse saído de um editorial de moda casual.

Millepied é ainda o marido de Natalie Portman, que conheceu quando fez a coreografia do filme "Cisne Negro".

Os diretores do filme têm o bom senso de não abusar da parte mais famosa do casal. A atriz aparece rapidamente no início, acompanhando o marido na noite de estreia.

Tampouco abusam de clichês de filmes de dança, como a imagem da bailarina amarrando a sapatilha.

Sim, há saltos e piruetas em câmara lenta e zooms nos corpos suados, mas o filme permite ao espectador o prazer de observar sem culpa essas imagens óbvias porque as cenas são bonitas mesmo e breves.

O ritmo, que traduz a tensão crescente de quem tem uma obra para finalizar em curto prazo e provar a validade de sua aposta, é um trunfo.

Se no início pode causar uma sensação de "mais um filme (clichê) de dança", seguida por uma mais ou menos lenta fase de concepção da coreografia, logo ganha a velocidade e a energia de alguém que veio para mudar a "velha ordem" da Ópera.

Há certo excesso na construção do bom-mocismo revolucionário de Millepied, que luta contra a burocracia estatal, o apego às formas clássicas e visões ultrapassadas sobre o esforço físico.

Mas o coreógrafo tem charme de sobra para convencer o público, embora não os administradores da Ópera: demitiu-se do cargo de diretor quatro meses após a estreia.

Apesar de bastante centrado na figura do coreógrafo, "Reset" tem o mérito de retratar o processo da criação de dança e levantar questões relacionadas ao tema sem ser nem didático demais nem incompreensível para leigos.

O melhor é que, ao final, dá muita vontade de ver a coreografia completa e ao vivo ou sair dançando por aí.


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