Folha de S. Paulo


Editoras têm segundo ano de queda de vendas, mas veem retomada

Raul Arboleda/AFP
Nova pesquisa da Fipe aponta queda no mercado editorial brasileiro
Nova pesquisa da Fipe aponta queda no mercado editorial brasileiro

O setor editorial produziu no ano passado 427,2 milhões de exemplares (-4,4%), vendeu 385,1 milhões (-1,1%) e faturou R$ 5,3 bilhões —redução de 5,2% em relação a 2015, descontada a inflação.

Os números vêm da pesquisa Produção e Vendas do Setor Editorial Brasileiro, divulgada na manhã desta quarta (17) pelo Sindicato Nacional dos Editores de Livros (Snel), no Rio. Nela não está incluída a produção digital, que será tema de um censo inédito, a ser divulgado em agosto.

Nos últimos dois anos, a indústria do livro acumulou uma redução de 17% de seu faturamento em termos reais. "É o pior período que já vivemos", diz Marcos Pereira, presidente do Snel. "Nunca vimos nada tão dramático em termos de queda de volume e de capacidade de repassar custos. Tem impacto na cadeia toda."

As vendas ao mercado foram as responsáveis pela queda em 2016, encolhendo 3,3%. Já as direcionadas ao governo cresceram 16,5%. O subsetor mais afetado foi o de livros científicos, técnicos e profissionais, que vendeu 4,5 milhões de exemplares a menos.

Os livros didáticos continuam dominando a produção editorial, respondendo por 48,5% do total de exemplares produzidos no ano passado.

A pesquisa mostrou que o número de lançamentos ficou estável —foram 17.373 novos livros em 2016, apenas 91 a mais do que no ano anterior—, mas que as editoras reduziram suas apostas iniciais, fazendo tiragens menores (-8,6%).

Setor editorial - Números gerais entre 2006 e 2016

MELHORA EM 2017

Se a pesquisa de 2016 trouxe um retrato preocupante do passado, o painel de vendas do Snel mostrou que, de janeiro a abril deste ano, as vendas aumentaram 6,5% em termos nominais, levando-se em conta o mesmo período do ano passado.

"É a primeira vez em muito tempo que crescemos acima da inflação", disse Marcos Pereira. "Olhando esse quadrimestre, dá para ser otimista em relação a 2017. Se começarmos a ter uma pequena recuperação do emprego e da confiança na economia, as pessoas voltam a consumir."

O presidente do Snel afirma que o sindicato prepara uma campanha, a ser lançada na Bienal do Livro deste ano, no Rio, para estimular o consumo de livros. "Quando olhamos as caravanas de jovens nas bienais, nos perguntamos onde estão essas pessoas no resto do ano", diz Pereira. "A indústria precisa começar a promover seu produto, a valorizar o livro para a sociedade. Cada vez mais temos competição pelo tempo das pessoas com os apps, Netflix, redes socais. Precisamos recuperar o valor da leitura."


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