Folha de S. Paulo


Crítica

Longa 'A Família Dionti' com bom elenco deixa imaginação voar

Divulgação
A familia Dionti [Brasil, 2015], de Alan Minas (ArtHouse). Genero: drama. Elenco: Antonio Edson, Gero Camilo ***DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM***
Kelton (Murilo Quirino) e Sofia (Anna Luiza Marques) em 'A Família Dionti'

"A Família Dionti" surge como obra atípica no cinema brasileiro contemporâneo. É ainda uma produção fora de lugar quando pensada em outro contexto, o conjunto de filmes voltados para crianças maiores e adolescentes.

Em ambos os casos, esse estranhamento pode ser visto como trunfo. Não é à toa que tenha feito boa carreira em festivais, conquistando prêmios como o melhor filme no voto do público no Festival de Brasília de 2015.

O longa dirigido por Alan Minas conta a história de uma pequena família, formada pelo pai, Josué (Antônio Edson), o filho mais velho, Serino (Bernardo Santos), e o caçula, Kelton (Murilo Quirino).

Se o espaço em que vivem está delimitado, um sítio no interior de Minas Gerais, o tempo permanece indeterminado. Aparecem pôsteres da seleção brasileira de 1970 e da equipe de 2002, noutra cena um homem tenta falar ao celular. Assim, o filme insinua que seu tempo é outro (ou outros), embora esteja sempre a dialogar com os dias de hoje.

Assista ao trailer

Sob o sol, pai e filhos se divertem jogando bola e brincando de teatro de bonecos. É na hora de dormir que são tomados pela saudade da mãe, que derreteu em decorrência do excesso de amor. É isso mesmo: ela evaporou, no sentido exato da palavra.

Essa é a primeira surpresa de uma obra com a coragem de se lançar ao "realismo fantástico", característica que o faz destoar do hiper-realismo urbano que prevalece no cinema brasileiro.

Aqui, o risco não é aventura sem propósito. O diretor dita o ritmo com segurança, introduzindo os elementos mágicos na trama sem afobação, com naturalidade.

Mas talvez o principal mérito de "A Família Dionti" seja outro. Com carreira bem-sucedida em curtas dedicados às crianças, Alan Minas avança em seu primeiro longa de ficção na via contrária da maior parte dos filmes infantojuvenis, em geral, saturados de informação.

São poucos os diálogos entre Kelton e Sofia (Anna Luiza Marques), a menina do circo que ele conhece na escola. Mas falas repletas de sentido e reveladores instantes de silêncio bastam para que o espectador entenda (ou sinta) o encantamento de um personagem pelo outro.

Um longa que se sustenta nas elipses, deixando a imaginação voar sem excesso de efeitos especiais, depende muito da competência do elenco. Nesse sentido, o talento do garoto Murilo Quirino é outra das boas lembranças que se leva do filme.

*

A FAMÍLIA DIONTI
DIREÇÃO: Alan Minas
ELENCO: Murilo Quirino, Bernardo Santos, Antônio Edson
PRODUÇÃO: Brasil, 2015, livre
QUANDO: estreia nesta quinta (13)
Veja salas e horários de exibição.


Endereço da página:

Links no texto: