Folha de S. Paulo


Crítica

Eduardo Araújo retraça sua rota em memórias em livro

Acervo UH/Folhapress
LOCAL DESCONHECIDO, 18-01-1967: Música: o cantor Eduardo Araújo. (Foto: Acervo UH/Folhapress)
O cantor Eduardo Araújo em 1967

Além de documentar o nascimento do jabá, o livro reúne histórias engraçadas, românticas, fortes e boas de LER sobre um homem que resolveu montar a vida a pelo

"Pelos Caminhos do Rock" é o nome de um dos mais importantes discos e, agora, do livro de memórias de Eduardo Araújo, 74, cantor e compositor mineiro, que é um dos precursores do rock nacional.

Engana-se quem associa, de maneira redutora, o artista apenas à jovem guarda. Jovem guarda não é gênero musical, o rock é.

Sob a alcunha de rei do rock de Minas Gerais, Araújo galgou os píncaros da glória, vendeu discos, teve programa na TV, estúdio de som, gravadora, além de ter feito inúmeros shows traçando uma carreira que ainda não acabou.

Sim, o homem que também sabe montar, criar cavalos e burros parece ter aprendido com os mais chucros a teimosia. Continua na ativa.

Na bolachona de 1975 da gravadora RCA, a banda que acompanha Araújo é formada por músicos excelentes.

Entre eles, Hermeto Pascoal (flauta), Silvia Góes (arranjos, teclado e voz), Nestico (sax), Chico Medori (bateria), além do multi-instrumentista argentino Tony Osanah, garantindo a qualidade musical do trabalho.

As músicas? Imagine as irretocáveis "Construção" e "Deus lhe Pague", de Chico Buarque, "arrockalhadas" progressivamente. Adicione, "Na Baixa do Sapateiro", de Ary Barroso (1903-1964), com um arranjo suingado de metais –escrito por Silvia Góes–, e mais sete músicas formando um repertório direcionado para o mercado internacional. Assim é "Pelos Caminhos do Rock", o LP.

Contudo, quando o disco ficou pronto, houve uma mudança radical na diretoria da gravadora. Um novo presidente assumiu, e o trabalho ficou sem verba para divulgação, além de ter sido boicotado nas rádios, embora tenha "aparecido" em dois videoclipes no "Fantástico", programa da Rede Globo.

Pelos Caminhos Do Rock: Memórias Do Bom
Eduardo Araújo
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Segundo Araújo, no livro, esse foi um momento crucial no mercado fonográfico brasileiro. "Foi esse mesmo presidente da RCA que trouxe para o Brasil uma nova forma de divulgação, o famoso jabá (pagou, tocou)", escreve o artista, sem no entanto revelar o nome do executivo.

Além de documentar o nascimento do jabá, o livro reúne histórias engraçadas, cabulosas, românticas, fortes e boas de ler sobre um homem que tomou a decisão de montar a vida a pelo.

PELOS CAMINHOS DO ROCK - MEMÓRIAS DO BOM
QUANTO: R$ 42,90 (280 págs.)
AUTOR: Eduardo Araújo
EDITORA: Record


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