Folha de S. Paulo


Mozarteum aposta em músicos jovens para formar sua Orquestra Acadêmica

Depois de apresentações consagradoras no festival Música em Trancoso, no mês passado, a recém-criada Orquestra Acadêmica Mozarteum Brasileiro se apresentará diante do público paulistano na Sala São Paulo, nos dois primeiros dias de maio.

O grupo de 77 músicos vai acompanhar em duas apresentações a soprano alemã Diana Damrau e o baixo-barítono francês Nicolas Testé, nomes fortes no cenário internacional que cantam pela primeira vez no Brasil. Os ingressos estão à venda.

Marcos Hermes/Divulgação
Carlos Moreno (à dir.) rege a Orquestra Acadêmica do Mozarteum Brasileiro em Trancoso
Carlos Moreno (à dir.) rege a Orquestra Acadêmica do Mozarteum Brasileiro em Trancoso

Carlos Moreno, maestro responsável pela orquestra, destaca a iniciativa "em um momento particularmente ruim da música clássica no país".

"Enquanto outras orquestras estão ameaçadas de fechar, lançamos uma com média de idade de 25 anos. Se lapidarmos esses bolsistas, certamente estaremos contribuindo para a força de todos os conjuntos brasileiros", disse Moreno à Folha.

Para Sabine Lovatelli, presidente do Mozarteum Brasileiro, o evento em Trancoso, de forte caráter educativo, foi ideal para o lançamento da orquestra da instituição.

"Na proposta do Música em Trancoso, os bolsistas passaram a semana em aulas com os solistas internacionais convidados. Esses jovens já vivenciaram o cotidiano de uma orquestra profissional."

A Orquestra Acadêmica reúne músicos de São Paulo, Belo Horizonte, Campinas, Catanduva, Goiânia, Limeira, Manaus, e Rio de Janeiro.

São instrumentistas dedicados a clarineta, contrabaixo, fagote, flauta, harpa, oboé, percussão, trombone, trompa, trompete, tuba, viola, violino e violoncelo.

Selecionados entre 250 inscritos, os 62 bolsistas da orquestra atuaram com 15 músicos profissionais nas duas primeiras noites do evento em Trancoso, no sul da Bahia.

NOITE RUSSA

Na abertura, eles acompanharam instrumentistas e cantores russos em programa com músicas daquele país.

Somados, o humor do barítono Alexander Kasyanov, do Teatro Bolshoi, e a presença de palco divertida do maestro formaram uma combinação adequada para conduzir os jovens músicos, que misturavam nervosismo e empolgação usando o chapéu panamá que se tornou marca visual da garotada na Bahia.

Numa das apresentações do combo russo Terem Quartet, que emendou peças folclóricas aceleradas, os garotos não resistiram e balançaram o corpo seguindo o som.

"Se você quer fazer Villa-Lobos, tem que conhecer maracatu, entender as raízes da música", diz Moreno. "Então esses meninos vão ter outra percepção dos autores russos depois desse contato com o folclore, com os instrumentos tipicamente russos."

Na segunda noite, a orquestra acompanhou solistas internacionais de primeiro time, dessa vez sob regência do francês Benoît Fromanger, diretor artístico e regente da Sinfônica de Bucareste.

A orquestra fez mais dois concertos gratuitos numa praça no centro de Trancoso.

Nas apresentações com Testé e Damrau, uma das estrelas líricas atuais, o programa terá obras de Bellini, Gounod, Rossini, Verdi e do brasileiro Carlos Gomes.

DIANA DAMRAU, NICOLAS TESTÉ & ORQUESTRA ACADÊMICA MOZARTEUM BRASILEIRO
QUANDO seg. (1º/5) e ter; (2/5), às 21h
ONDE Sala São Paulo, pça. Júlio Prestes, 16, tel. (11) 3367-9500
QUANTO de R$ 210 a R$ 600, nos sites www.mozarteum.org.br e www.ingressorapido.com.br

O jornalista THALES DE MENEZES viajou a convite do Mozarteum Brasileiro.


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