Folha de S. Paulo


Monstros, clowns e danças urbanas ocupam Sesc Pinheiros em espetáculos

Guto Muniz/Divulgação
Imagem da coreografia 'Do Lado Esquerdo de Quem Sobe', da Mimulus Cia. de Danca ***DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM***
Bailarinos em cena de 'Do Lado Esquerdo de Quem Sobe'

Monstros, clowns e as origens das danças e músicas urbanas brasileiras ocupam o Sesc Pinheiros, em São Paulo, com a estreia de "Um", de Maurício Florez, e na curta temporada de "Do Lado Esquerdo de quem Sobe", da Mimulus Cia. de Dança.

O solo "Um", que tem sua primeira exibição nesta terça (21), surgiu de uma pesquisa individual do colombiano Florez no núcleo artístico Key Zetta, em São Paulo, no qual ele atua há dois anos.

A ideia de dar corpo a figuras monstruosas surgiu quando Florez leu o livro "Monstros", do ensaísta português José Gil, sobre a proliferação dessas figuras na cultura, na arte e na indústria de entretenimento contemporâneas.

Em sua pesquisa, Florez chegou à ideia do "corpo primitivo" e ao conceito místico da unidade essencial de todas as coisas e todos os seres.

"Por acaso, a estreia será em um momento propício, em que os profissionais da dança em São Paulo conseguiram chegar a uma unidade que eu ainda não tinha visto", diz Florez.

Ele se refere à mobilização dos artistas contra o congelamento de verbas públicas para a cultura e as mudanças feitas pela Secretária Municipal de Cultura de São Paulo no edital do Fomento à Dança.

Além das questões políticas e filosóficas, ele também se preocupou em manter o aspecto de entretenimento do espetáculo. "Uma questão da dança contemporânea é ela ser difícil de assistir e entender. Tentei dar ao conteúdo mais 'denso' o humor dos palhaços", conta Florez.

O coreógrafo chegou à mistura dividindo a apresentação em cinco quadros. "Alguns geram risadas, outros levam a um lugar primitivo, estranho ou mesmo triste."

Já a companhia mineira Mimulus mostra uma obra consagrada, "Do Lado Esquerdo de quem Sobe", sobre a formação das primeiras danças urbanas brasileiras.

Segundo Jomar Mesquita, diretor e coreógrafo da Mimulus, essa dança surgiu no século 19, a partir do encontro da herança africana dos escravos recém-alforriados e da população branca europeia que começava a se estabelecer nas cidades.

"Essa é a coreografia mais brasileira da Mimulus", diz o diretor da companhia. Fundada em 1994, a Mimulus usa a base das danças de salão para chegar a uma linguagem contemporânea muito característica do grupo.

A peça é dançada ao som de uma trilha composta por gravações instrumentais de Yamandu Costa e de uma interpretação de "Rosa", de Pixinguinha, cantada à capela pelo pai do coreógrafo, João Baptista Mesquita.

Os figurinos foram criados pelo também mineiro Ronaldo Fraga e o cenário, inspirado nas calçadas portuguesas em branco e preto, é assinado por Ed Andrade.

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"UM"
QUANDO de 21/3 a 29/3, às ter. e qua., às 20h30
ONDE pça. do Sesc Pinheiros, (r. Paes Leme, 195, tel. 11-3095-9400); livre
QUANTO grátis

"DO LADO ESQUERDO DE QUEM SOBE"
QUANDO qui., 23/3, e sex., 24/3, às 21h
ONDE teatro Paulo Autran (Sesc Pinheiros); 10 anos
QUANTO de R$ 12 a R$ 40


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