Folha de S. Paulo


Mostra de teatro de SP se firmou no calendário, mas sofreu com cortes

A edição da MITsp - Mostra Internacional de Teatro de São Paulo que começa nesta terça-feira (14) por pouco não aconteceu. Os patrocínios não vinham e, em novembro passado, quase decidiu-se adiar a quarta edição do festival para 2018, conta o diretor artístico Antonio Araújo.

Apesar dos contratempos financeiros, resolveu-se seguir com o projeto anual, segundo ele, para garantir a continuidade e a periodicidade da mostra, que tem se firmado como um dos principais eventos do calendário teatral da cidade, reunindo espetáculo, de artistas consagrados, inéditos por aqui.

"Isso [a continuidade] contribui para uma formação de público", afirma Araújo.

O festival viu cortes no orçamento. Passou de R$ 3,4 milhões no ano passado para R$ 2,9 milhões agora –R$ 2,3 captados via Lei Rouanet e R$ 600 mil por aportes diretos. Também limitou seu número de dias para oito (antes a mostra se estendia por dez).

Mas o diretor artístico diz que a redução de verba não levou a curadora a trocar produções caras por outras mais baratas. "Esses espetáculos que estão aqui hoje já estavam programados. O que a gente faz, infelizmente, é dizer não para alguns."

Foram pensadas inicialmente 20 peças, "mas já imaginando que não conseguiríamos trazer todas". O número acabou nas dez atuais (mesma quantidade da edição anterior, que também sofreu cortes na sua grade prévia de espetáculos). Hoje são sete montagens internacionais e três nacionais.

"O ideal seriam 20: 15 ou 16 internacionais e 4 ou 5 nacionais. Esse é o formato que a gente [ele e o diretor geral de produções Guilherme Marques, ambos idealizadores da MITsp] pensou. O mais perto que chegamos disso foi na segunda edição, em que tivemos 12 peças."

A programação deste ano lista entre seus destaques o libanês Rabih Mroué, nome que Araújo conta tentar trazer ao país desde a primeira edição da MITsp.

Mroué encena três trabalhos. É uma mostra de um artista dentro da mostra em si, formato que o evento tem buscado, diz o diretor artístico. No ano passado, foi o francês Joël Pommerat. No anterior, a brasileira Christiane Jatahy.

Esta quarta edição também reúne a companhia belga Les Ballets C de la B, a alemã Münchner Kammerspiel, o diretor chileno Guillermo Calderón e a sul-africana Ntando Cele. Entre os brasileiros, Eugênio Lima, Alexandre Dal Farra e Lia Rodrigues.

Outro ponto no qual a MITsp tem investido é em debates e encontros, como os chamados Diálogos Transversais, em que nomes fora do teatro realizam mesas logo após as apresentações dos espetáculos. Neste ano, o músico Tom Zé, por exemplo, discute "Avante, Marche", da C de la B, na quarta-feira (15).

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4ª MITSP
QUANDO 14 a 21/3
ONDE Theatro Municipal, Auditório Ibirapuera, Centro Cultural São Paulo, Itaú Cultural, Teatro João Caetano e unidades Belenzinho, Pinheiros e Vila Mariana do Sesc
QUANTO grátis a R$ 20
PROGRAMAÇÃO mitsp.org

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programação

INTERNACIONAIS

  • "Avante, Marche!" (Bélgica), mescla de teatro e dança da companhia belga les Ballets C de la B
  • "Por que o Sr. R. Enlouqueceu?" (Alemanha), da Münchner Kammerspiele, com direção de Susanne Kennedy, inspirada no filme de Fassbinder
  • "Tão Pouco Tempo" (Líbano), peça documental de Rabih Mroué
  • "Revolução em Pixels" (Líbano), peça documental de Rabih Mroué
  • "Cavalgando Nuvens" (Líbano), peça documental de Rabih Mroué
  • "Black Off" (África do Sul), performance-concerto da atriz e cantora Ntando Cele
  • "Mateluna" (Chile), espetáculo documental do diretor e dramaturgo Guillermo Calderón

NACIONAIS

  • "Para que o Céu Não Caia", da Lia Rodrigues Companhia de Danças
  • "A Missão em Fragmentos: 12 Cenas de Descolonização em Legítima Defesa", dirigido por Eugenio Lima
  • "Branco - O Cheiro do Lírio e do Formol", com dramaturgia de Alexandre Dal Farra

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