Folha de S. Paulo


CRÍTICA

Tentativa de fazer filme sobre alienígenas vai para o espaço

Divulgação
Cena de
Cena de "BugiGangue no Espaço"

Desenterraram o ET de Varginha. Mas não só isso. Também lhe deram sotaque caipira, um par de botas, calça de caubói, chapéu e o chupa-cabra como bicho de estimação.

Essa mistura estranha de Indiana Jones com Woody, de "Toy Story", é um bom termômetro do universo sem pé nem cabeça trazido pela animação brasileira "BugiGangue no Espaço".

A ideia era fazer um filme divertido sobre uma turma de amigos que precisa livrar o mundo de alienígenas mal-intencionados. Ficou só na ideia.

Depois de esbarrarem com criaturas verdes e atrapalhadas que caíram por acidente na Terra, Gustavinho, sua irmã, Fefa, e mais um punhado de crianças embarcam numa arriscada missão para salvar o Sistema Solar do maquiavélico Gana Golber.

Minhoca de aquário com a voz metálica do Darth Vader, o vilão é apenas uma das inúmeras referências que se amontoam na tela durante quase 90 minutos.

As piadas infames, disparadas a esmo, tampouco funcionam. O timing cômico se perde desde as primeiras cenas e atravanca a narrativa.

E esses não são os únicos enroscos do filme. O roteiro é fraco e não demonstra nenhum esforço para fugir dos estereótipos. A turma dos heróis traz a patricinha vaidosa, o esotérico esquisitão, a nerd inteligente e por aí vai.

Do ponto de vista visual, os personagens e os cenários também deixam a desejar. Os recursos técnicos são limitados e, em certos momentos, conferem um ar amador à animação. Isso sem falar de uma inserção publicitária bizarra que flutua no espaço...

A não ser pelos Invas, os simpáticos ETs verdinhos e cabeçudos, quase nada se salva em "BugiGangue". Desta vez, a missão não foi concluída.

BUGIGANGUE NO ESPAÇO
DIREÇÃO Alê McHaddo
PRODUÇÃO Brasil, 2016, livre
QUANDO em cartaz


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