"Cê me chama de vaca, mas, de webcelebridade, não." A fala, de um personagem de "Internet" para o outro, é engraçada porque nunca vai sair da boca de milhões de adolescentes e pós-adolescentes que sonham com a fama on-line. E é sobre isso que trata o longa: uma ficção destrinchando o mundo das celebridades da internet.
Com celebridades da internet no elenco. Gusta Stockler, Christian Figueiredo e companhia interpretam versões levemente adulteradas de si mesmos –Rafinha Bastos, por exemplo, é Cesinha Passos, um tiozão entre comunicadores mirins.
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Selfie na convenção de youtubers em 'Internet - O Filme' |
Uma convenção de youtubers é o pano de fundo que costura várias historietas. A principal delas, de um youtuber em declínio, poderia ser deletada do filme, inclusive, que só teria a ganhar.
Outros contos têm mais amarração –e graça. É o caso da história da depressão do cão Brioco, cujos vídeos sustentam seus donos. O casal é interpretado por Micheli Machado e Mauricio Meirelles, ambos com tarimbados, e faz valer o número.
Thaynara OG, a rainha maranhense do aplicativo de vídeos Snapchat, interpreta uma fã deslumbrada. É divertido ver a realeza desse mundo virtual fingindo ser algo que não eles mesmos. Mas o choque passa na duração de um vídeo on-line, e a falta da espontaneidade que a torna hilária grita na película. Pesa.
Moral da história: não deixe o trabalho de humorista para gritões da internet –a não ser que você consiga ser gritão e humorista ao mesmo tempo, como Bastos, que também é um dos produtores e roteiristas do filme.
De resto, trata-se de uma amarração da linguagem online. Estão lá os mesmos cacoetes: a edição rápida, os clipes de gatos tocando teclado, os cortes secos e efeitos sonoros pretensamente cômicos.
Tirando os bons números de humor feitos por profissionais, o longa é, para um adulto, tão esquecível quanto um dos 348 vídeos de pré-adolescentes abrindo o berreiro.