Folha de S. Paulo


Curta documental: Categoria traz melhor e pior da humanidade

Desdobramentos da guerra e da morte orbitam entre os cinco candidatos a melhor documentário de curta-metragem do Oscar 2017. São filmes de 20 a 40 minutos que esfregam na cara do espectador o melhor e o pior da humanidade.

Mas a força dos temas –doentes terminais e refugiados incluídos– não privou os diretores da opção de se sentarem confortavelmente sobre a manjada cartilha do documentário. Assim, ao contrário dos personagens retratados, eles não correram riscos.

Quatro dos curtas estão disponíveis on-line, dois de graça e dois na Netflix.

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Cena de "4.1 Miles", de Daphne Matziaraki, que concorre ao Oscar de melhor curta documental

"4.1 Miles"
O nome do filme de Daphne Matziaraki remete à distância percorrida por mar pelos refugiados da Turquia até a Grécia: 4,1 milhas (6,6 km). Quem salva os que conseguem chegar ao lado grego é o capitão Christos Sapounas, membro da guarda costeira da ilha de Lesbos. Em nauseantes 26 minutos, acompanhamos o personagem central do filme em seu barco numa sucessão de resgates, mães aos prantos, crianças com hipotermia e afogamentos. Um importante registro da maior onda de refugiados desde a Segunda Guerra Mundial. Se levar o prêmio, será pela relevância do tema, não pelos méritos cinematográficos. Disponível gratuitamente na plataforma OP-Docs do "The New York Times".

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Cena de "Os Capacetes Brancos", de Orlando von Einsiedel, sobre voluntários que atuam na Síria

"Os Capacetes Brancos"
Possível ganhador da estatueta, é outra cacetada. Em 40 minutos sentimos a angústia de alguns dos milhares de voluntários que resgatam vítimas de bombardeios na Síria. Pedreiros, alfaiates e ferreiros de Aleppo subitamente se transformam em voluntários da causa humanitária e passam a vestir capacetes brancos. O grupo sofre tanto pelos que ajudam como pelo temor por suas próprias famílias. Em uma das cenas, resgatam um bebê de uma semana de escombros. Um filme bem feito e sem surpresas. Disponível na Netflix.

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Cena de "Extremis", de Dan Krauss, que concorre ao Oscar de melhor curta documental

"Extremis"
Depois de ser indicado ao Oscar em 2006 por um filme sobre um fotógrafo suicida, o diretor Dan Krauss volta a se debruçar sobre a morte, desta vez na ala de pacientes terminais de um hospital, onde o espectador acompanha sem filtros a agonia dos internados, dos parentes, dos médicos e dos enfermeiros. Ali, decisões sobre manter ou interromper a vida são tomadas. Disponível na Netflix.

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Cena de "Joe's Violin", de Kahane Cooperman, que concorre ao Oscar de melhor curta documental

"Joe's Violin"
O mais singelo dos cinco indicados envolve um sobrevivente do Holocausto —fator altamente oscarizável. Aos 91 anos e morando em Nova York, Joseph Feingold decide doar o violino que trocou por cigarros em um mercado de pulgas num campo de concentração décadas antes. A eleita para recebê-lo é Brianna, 12, uma menina pobre do Bronx que tem afinidade especial com o instrumento. Uma ótima história que por um triz não descamba para o melodrama. Grátis no site do curta.

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Cena de
"Watani: My Homeland", de Marcel Mettelsiefen, acompanha família de refugiados sírios na Alemanha

"Watani: My Homeland"
Em um sensível relato, o documentarista Marcel Mettelsiefen acompanhou, de 2013 a 2016, a vida de uma família que deixou a zona de guerra em Aleppo rumo a uma cidadezinha medieval alemã. A mudança ocorreu após o pai, Abu Ali, um dos comandantes do Exército Livre da Síria, ser capturado pelo Estado Islâmico. Sem perspectivas, a mãe, Hala, e seus quatro filhos pequenos (três meninas e um menino) emigram, via Turquia, para a Alemanha, onde tentam reconstruir suas vidas. Divide a posição de favorito ao prêmio com "Os Capacetes Brancos".

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Veja a lista das outras categorias comentadas por profissionais, críticos e colaboradores da Folha.

Melhor filme, por Inácio Araujo
Melhor diretor, por Sergio Alpendre
Melhor animação, por Sandro Macedo
Melhor documentário, por Aline Pellegrini
Melhor roteiro original, por Francesca Angiolillo
Melhor roteiro adaptado, por Francesca Angiolillo
Melhor ator, por Guilherme Genestreti
Melhor atriz, por Teté Ribeiro
Melhor ator coadjuvante, por Guilherme Genestreti
Melhor atriz coadjuvante, por Teté Ribeiro
Melhor fotografia, por Daigo Oliva
Melhor montagem, por Matheus Magenta
Melhor direção de arte, por Guilherme Genestreti
Melhor trilha sonora, por Alex Kidd
Melhor canção original, por Giuliana Vallone
Melhor figurino, por Pedro Diniz
Melhor maquiagem e penteado, por Anna Virginia Balloussier


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