Folha de S. Paulo


Diretor assume lado sombrio em 'A Cura'

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A atriz britânica Mia Goth, 23, interpreta Hannah, uma misteriosa paciente da clínica na Suíça
A atriz britânica Mia Goth, 23, interpreta Hannah, uma misteriosa paciente da clínica na Suíça

No seu novo filme, "A Cura", o diretor Gore Verbinski tenta compreender a obsessão moderna por sucesso e dinheiro. Ele utiliza um ganancioso corretor de Wall Street para desvendar essa "doença".

Lockhart (Dane DeHaan), como o cineasta define, é um "matador, alguém que fará qualquer coisa para fazer parte da direção da sua empresa".

Mas uma linha paralela pode ser traçada entre o personagem e o homem responsável pelo sucesso de "The Ring" e "Piratas do Caribe".

Nos primeiros minutos de "A Cura", Lockhart é enviado para a Suíça na tentativa de "resgatar" o sócio majoritário da sua empresa, que precisa aprovar uma fusão bilionária, mas está internado em um estranho spa nos Alpes. Se ele cumprir a missão, será promovido e chegará ao topo da cadeia alimentar financeira.

"É um lugar onde você poderia encontrar Dick Cheney na sauna", brinca o diretor, referindo-se ao empresário e vice-presidente americano da era George W. Bush. "É um lugar para os mais ricos, oligarcas que passam duas semanas para se curar de alguma doença, mas que não conseguem sair, porque nem sabem se querem ser curados."

O thriller segue uma inspiração kubrickiana, quando o espectador é levado para esse estranho hospital comandando por um médico excêntrico (Jason Isaacs). E desvia para um processo mais misterioso ao começar a mostrar que a tal cura que mantém os ricaços jovens pode ser pior que a doença que os aflige.

Verbinski diz que a necessidade de seguirmos padrões impostos pela sociedade foi uma das inspirações para a ideia que escreveu junto do roteirista Justin Haythe. "O filme leva o espectador pelo escuro, para seu lado sombrio que ninguém quer encarar."

Essa insatisfação tem uma fonte menos rebelde. Verbinski, assim como seu personagem, estava numa ascensão inebriante. Transformou "Piratas do Caribe" numa franquia bilionária e ganhou o Oscar de melhor animação com "Rango" (2011). "Saí de 'Piratas' porque eu não tinha mais o que aprender ou crescer", conta.

Mas então veio "O Cavaleiro Solitário" (2013), que foi massacrado pela crítica e causou um prejuízo de US$ 190 milhões à Disney. "A vida encontra um jeito de te deixar humilde", afirma Verbinksi, que foi filmar "A Cura" na Alemanha.


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