Folha de S. Paulo


Com contas apertadas, Pinacoteca corta ao menos nove funcionários

Isabella Matheus
Pinacoteca de São Paulo tem cortes e governo paulista prevê ainda mais demissões
Pinacoteca de São Paulo tem cortes e governo paulista prevê ainda mais demissões

Em quadro de aperto financeiro, museus ligados ao governo paulista vêm demitindo profissionais. É um esforço para acomodar despesas em orçamentos que não aumentaram na virada do ano.

Repasses da Secretaria de Estado da Cultura a instituições como a Pinacoteca, o Museu Afro Brasil e o Museu da Imagem e do Som permaneceram iguais aos de 2016, mesmo com a inflação de 6,29% acumulada no ano passado.

O caso mais grave é o da Pinacoteca, que admite ter cortado nove posições de setores como o educativo e de infraestrutura. Funcionários dizem, no entanto, que os cortes chegam a 20 e atingem também outras áreas, entre elas restauro e atendimento.

Um acordo firmado entre o museu e funcionários no ano passado garantiu que não houvesse desligamentos até 2017, o que explica as demissões em janeiro e fevereiro.

"Nosso objetivo é reduzir a folha de pagamento porque o orçamento vai ser igual", diz Paulo Vicelli, diretor de relações institucionais da Pinacoteca, que recebeu do Estado R$ 21,5 milhões, mesmo valor de 2016, para este ano. "Mas nossa ideia é fazer os cortes sem impacto para o público."

De acordo com Vicelli, mesmo o enxugamento de setores com o educativo não deve causar prejuízo a visitas escolares, pois o próprio governo diminuiu o subsídio para excursões de escolas estaduais e a demanda vinha caindo.

Funcionários desligados, que não quiseram ser identificados, afirmam, no entanto, que os cortes vão afetar o atendimento a públicos específicos, alvo de ações afirmativas tocadas pelo museu.

CRISE

Também houve cortes no Museu da Casa Brasileira, que dispensou um funcionário e três estagiários –gestores da área de museus da Secretaria de Estado da Cultura, porém, reconhecem que os cortes se estenderão ao longo do ano e afetarão mais instituições.

Isso porque, além de os repasses terem se mantido no mesmo patamar –R$ 9,5 milhões ao Afro Brasil, 10,5 milhões ao MIS, por exemplo–, museus vêm encontrando dificuldades para captar recursos via Lei Rouanet e garantir receitas de outras áreas, como lojas, bilheteria e aluguel de espaços nesses tempos de crise econômica.


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