Folha de S. Paulo


Geoffrey Rush vive Alberto Giacometti em filme do Festival de Berlim

Mais conhecido por suas esculturas de figuras esquálidas moldadas em bronze, o artista suíço Alberto Giacometti, morto em 1966, é retratado no filme "The Final Portrait" pelo seu lado gravurista. Perfeccionista rabisca, apaga, faz de novo e toma seu tempo com distrações com mulheres, bebida e caminhadas por Paris.

Interpretado por Geoffrey Rush, Giacometti tem do outro lado de seu ateliê o autor e crítico de arte americano James Lord (Armie Hammer) no filme dirigido pelo ator-diretor Stanley Tucci. "The Final Portrait" fez sua estreia mundial no Festival de Berlim, neste sábado (11).

Parisa Taghizadeh/Divulgação
Os atores Geoffrey Rush e Armie Hammer, do filme
Os atores Geoffrey Rush e Armie Hammer, do filme "The Final Portrait"

"Não acho filmes biográficos interessantes", disse Tucci, que resolveu retratar os dias derradeiros do artista no longa. "Gosto dos filmes que focam trechos específicos porque podem aprofundar detalhes."

A tensão do longa gira em torno de retratista e retratado, fechados no ateliê de Giacometti. A procrastinação do suíço, que leva 18 dias para pintar Lord, é também a história de um artista que não consegue botar um ponto final à sua obra.

Com o advento da fotografia, o ato de pintar ficou "impossível e sem sentido", diz Giacometti no longa. Na pele do retratado, Lord também se deixa levar, encantado pelas idiossincrasias do artista, um pouco como o próprio Hammer descreveu o trabalho com o colega de cena, Rush.

"Tudo o que eu tinha que fazer era sentar e ver um dos meus ídolos atuando", diz o ator.

Dentro da mostra competitiva foi exibido o longa "Félicité", do franco-senegalês Alain Gomis. Da lavra dos dramas sociais ambientados em países miseráveis que costumam comover festivais estrangeiros, narra a história da personagem-título, uma cantora na noite de Kinshasa, capital da República Democrática do Congo, que precisa pagar o tratamento do filho acidentado.

O filme de Gomis, que compete pelo Urso de Ouro, emprega as convenções do gênero: fotografia crua, retrato naturalista da miséria e toda a sorte de empecilhos que dificultam a vida dos desvalidos em países subdesenvolvidos.

O jornalista GUILHERME GENESTRETI se hospeda a convite do Festival de Berlim


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