Folha de S. Paulo


Medo de terrorismo faz público de museus parisienses minguar

Joël Saget - 12.fev.2015/AFP
 (FILES) This file photo taken on February 12, 2015 shows A sign shows the symbol of France's national security alert system
Louvre em estado de alerta em 2015, um mês após os ataques à redação do 'Charlie Hebdo'

O Museu do Louvre, emblema da cultura francesa, se mantém mais do que nunca na lista de alvos atingidos de forma colateral pelos atentados ocorridos no país em 2015 e 2016.

Os ataques jihadistas e o permanente temor terrorista provocaram, no ano passado, uma queda em torno de 6% do turismo em Paris.

Mas o choque nos museus da cidade foi mais amplo. O Louvre, lar da "Mona Lisa" de Leonardo da Vinci, sofreu uma baixa de 15% de sua frequentação em 2016, somando um total de 7,3 milhões de visitantes e uma perda de receita estimada em 9,7 milhões de euros.

O desempenho negativo, pelo segundo ano consecutivo, ameaça seu posto de até então museu mais visitado do mundo, agora cobiçado pelo British Museum, de Londres.

Cerca de 70% dos visitantes do Louvre são estrangeiros, índice que explica a evasão nas bilheterias. Os japoneses encabeçam a relação dos turistas desertores (-61%), na qual aparecem ainda os brasileiros (-47%), chineses (-31%) e americanos (-18%).

O número de visitantes franceses permaneceu praticamente estável nos últimos dois anos, em torno de 2 milhões, apesar da redução das visitas escolares, de 510 mil para 365 mil.

Para piorar, as enchentes do rio Sena em junho último causaram o fechamento do museu por quatro dias, numa perda de até 200 mil entradas.

Para recuperar seu público neste início de 2017, o Louvre conta com o efeito das reformas promovidas em meados do ano passado: melhorias nas áreas de acesso aos visitantes e modernização da compra de ingressos, por via digital, para reduzir as longas filas e o tempo de espera.

Na programação deste ano, a atração maior será uma grande exposição em torno do pintor holandês Vermeer (1632-1675), a partir de 22/2.

Sinal dos tempos, no ano passado foram fixados, ao longo do calçamento à frente da pirâmide de vidro do museu, enormes cubos para impedir eventuais ataques por meio de veículos de grande porte.

O Museu d'Orsay também sofreu os efeitos colaterais da onda terrorista. Com um saldo de 3 milhões de visitantes, o templo do impressionismo fechou o ano de 2016 com uma queda de 13% de público em relação ao ano anterior.

Colaboraram para limitar a perda as exposições de Douanier Rousseau –de março a julho, com um total de 480 mil visitantes– e de Frédéric Bazille –que desde o último 15 de novembro tem registrado uma média de 4.000 pessoas por dia.

Em 2017, o Orsay espera encher suas salas com a mostra "Além das Estrelas - A Paisagem Mística", com obras de Monet, Van Gogh, Klimt, Munch, Gauguin e Kandinsky, a partir de 14 de março.

Na contramão da curva descendente, o Centro Pompidou comemora nesta terça (31) seus 40 anos de existência e também seus 3.336.509 visitantes do ano passado.

Em meio ao quadro sombrio das demais instituições, o centro cultural obteve um crescimento de 9% de seu público de 2015 para 2016.

A façanha é creditada à fidelidade do público francês e a sua menor dependência de turistas estrangeiros. A atratividade foi garantida principalmente pelas exposições de René Magritte (com 597.390 visitantes), Paul Klee (381.153), Anselm Kiefer (297.795) e sobre a Geração Beat (227.270).

Para manter performance, o Pompidou apresenta um intenso programa de aniversário, com mostras de David Hockney, César, Josef Koudelka e Walker Evans.


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