Folha de S. Paulo


Formada por músicos com deficiência, Staff Benda Bilili toca hoje em SP

Atração de destaque do PercPan, festival de música percussiva cuja 21ª edição começou na quarta e segue até domingo em Salvador, o Staff Benda Bilili faz uma parada em São Paulo nesta quinta (19), no Sesc Pompeia.

A criadora do festival, Elisabeth Cayres, tentava havia sete anos trazer o grupo da República Democrática do Congo para o Brasil. O Staff Benda Bilili ganhou fama em 2010, quando o documentário francês "Benda Bilili!" jogou luz em sua história.

Formado por músicos de rua que ensaiavam na área do zoológico de Kinshasa, capital do Congo, o Staff Benda Bilili não chamava atenção apenas pela sua animada equação sonora, baseada no soukous, uma derivação da rumba congolesa, e com influências de ritmos dançantes de outras partes do mundo.

Guillaume Aricique/Divulgação
Músicas da banda do Congo Staff Benda Bilili
Músicas da banda do Congo Staff Benda Bilili

A linha de frente da banda era formada por deficientes físicos, vítimas de poliomielite na infância, cuja locomoção pelas vias de Kinshasa se dava por triciclos adaptados –e bastante estilosos.

Com o sucesso do documentário, a boa repercussão dos discos "Très Très Fort" (2009) e "Bouger Le Monde" (2012) e as longas turnês mundiais, com passagens por importantes festivais, vieram os conflitos internos por dinheiro e dois dos membros principais deixaram a formação para montar o Mbongwana Star.

Mas o Staff Benda Bilili segue com o carismático Leon Ricky Likabu, o Papa Ricky, à frente, e o prodígio Roger Landu, que toca o satongé, instrumento de apenas uma corda construído por ele mesmo. Além deles, há outros oito instrumentistas que prometem uma jornada emocionante na choperia do Pompeia.

"Antes de qualquer coisa, o Staff Benda Bilili é uma comunidade de pessoas com deficiência que estão envolvidas num projeto socioeducativo", afirma Ricky. "Portanto, todos aqueles que são tocados profundamente pela nossa causa estão convidadas a nos acompanhar nessa fabulosa aventura."

O líder revela que a trupe africana é influenciada por samba e lambada, o que aumenta a expectativa para a estreia no país. E que eles passaram 2016 preparando um novo álbum, a ser lançado em breve.

Papa Ricky diz sentir o êxito do documentário até os dias atuais. "O filme mudou nossas vidas. Ele nos ajudou a conquistar as coisas pelas quais lutávamos todos os dias desde que começamos."

Quem for ao show esperando encontrar o mesmo Roger de "Benda Bilili!" talvez se espante com a nova figura do "garotinho" que roubava a cena no filme com seu satongé. "Ele cresceu!", avisa Ricky. "Hoje, o Roger toma conta da família e cumpre suas responsabilidades profissionais cheio de confiança."

Com cerca de 450 shows em mais de 30 países, o grupo comove plateias por onde passa.

"A história que mais me tocou foi a de uma japonesa que nos escreveu após a nossa turnê pelo país. Na mensagem, ela explicava que tinha desistido da ideia de se suicidar após assistir ao nosso show. Isso, sim, é uma verdadeira vitória para nós."

STAFF BENDA BILILI
QUANDO nesta quinta (19), às 21h30
ONDE Sesc Pompeia, r. Clélia, 93, tel. (11) 3871-7700
QUANTO de R$ 12 a R$ 40; 18 anos


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