Enquanto está com um olho num prato de salada com frango, Darlan Cunha, 28, tem outro no celular. Na tela do aparelho, surgem as imagens de internet em que ele e o amigo Douglas Silva, 28, aparecem ainda adolescentes como os inseparáveis Laranjinha e Acerola. "Eles viraram referência sobre amizade", diz Douglas, o Acerola.
Nas fotos que ganharam as redes com frases como "Namore alguém que seja tão amigo quanto Laranjinha e Acerola" é possível acompanhar a passagem da infância para a adolescência dos atores durante o período em que a série "Cidade dos Homens" foi ao ar na Globo, entre 2002 e 2005.
Cunha e Silva viraram protagonistas da trama logo depois de terem sido lançados no filme "Cidade de Deus" (2002), de Fernando Meirelles -o cineasta foi um dos criadores da série e dirigiu vários episódios.
A partir desta terça (17) até a sexta (20), o telespectador que conheceu os dois ainda criança se surpreenderá ao reencontrá-los adultos, nos papéis de pais. É assim que eles serão vistos doze anos depois na nova, curtíssima (quatro episódios) e dramática temporada de "Cidade dos Homens".
| Cauiá Franco/Globo/Divulgação/Divulgação | ||
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| Acerola (Douglas Silva) e Laranjinha (Darlan Cunha), à dir. |
A trama, que discutiu perda da virgindade, gravidez na adolescência, convivência com o crime, entre tantas outras coisas, agora abordará a luta de Laranjinha para salvar seu filho, Davi (Luan Pessoa). O garoto tem uma doença grave e precisa de um tratamento que não é oferecido imediatamente no hospital público da comunidade onde vivem.
Em meio a esse problema, a amizade da dupla será colocada em xeque.
"Tinha uma saudade grande, mas não esperava fazer o Laranjinha nunca mais. Quando me ligaram para falar dessa volta, ajoelhei e agradeci", conta Cunha.
Silva, que também é cantor, diz que foi só pisar no set para "pegar" o personagem de novo.
BOYHOOD
Nessa nova leva de episódios, o roteiro é assinado por George Moura, autor de capítulos das temporadas anteriores, e Daniel Adjafre.
A direção fica a cargo do estreante em TV aberta Pedro Morelli, 30, da O2 Filmes, coprodutora da minissérie. O jovem é filho de Paulo Morelli, diretor de vários episódios da trama e do filme "Cidade dos Homens".
"Tem um quê de 'Boyhood' esse retorno deles, só que sem acompanharmos os dois nos últimos 12 anos", diz Morelli, em referência ao filme de Richard Linklater, cujo longa foi filmado ao longo de 12 anos, de forma que o público acompanha o envelhecimento dos atores.
Segundo o diretor, agora que Laranjinha e Acerola são pais, todo conflito passa por cada um querendo o melhor para seu filho.
A passagem de tempo será explicada com ajuda de alguns flashbacks em três dos quatro episódios. "Quem viu a série, irá rever esses personagens e se emocionar. E quem não viu, irá conhecê-los já com um passado", diz o roteirista Moura.
O universo da favela continua presente na trama, mas em segundo plano, segundo autores e diretor. As gravações foram feitas no morro do Vidigal, no Rio, e em uma cidade cenográfica na Globo.
"Mostramos as UPPs (Unidade de Polícia Pacificadora), tiroteios, o tráfico. Mas o drama deles vem sempre em primeiro lugar", diz Morelli.
A jornalista viajou a convite da Globo