Folha de S. Paulo


Novo diretor do CCSP quer dar mais espaço a escritores na programação

Karime Xavier/Folhapress
O escritor Cadão Volpato, novo diretor do Centro Cultural São Paulo
O escritor Cadão Volpato, novo diretor do Centro Cultural São Paulo

A primeira vez que o jornalista, escritor e músico Cadão Volpato viu a Legião Urbana tocar foi no Centro Cultural São Paulo, em 1983, quando a turma de Renato Russo era "só uma banda de Brasília", e o rock ainda levava a pecha de "coisa de cabeludo".

Ele usa a passagem da Legião por São Paulo como exemplo de meta para sua direção no CCSP, cadeira pública que assumiu nesta semana, com a troca de governo na prefeitura: se Volpato pretende permanecer com um olho em artistas pouco conhecidos, o outro ronda cortes de cabelo da próxima estação.

Integrante da banda Fellini, que foi extinta mas eventualmente ainda se reagrupa por aí —uma de suas últimas apresentações foi no CCSP, em 2016— Volpato diz que vê o afeto do morador de São Paulo por aquele espaço como ferramenta para expandir público e tornar sua programação mais influente. "As pessoas usam esse lugar como se fosse a casa delas", diz, citando os encontros de crossplay, de street dancers e outros movimentos alheios à programação oficial.

O músico e escritor diz que tem algumas apostas em mente. A primeira é criar eventos que possam integrar as diversas áreas de atuação do CCSP, bem como as tais manifestações culturais espontâneas. "Sinto que as curadorias são muito compartimentalizadas aqui", critica. Depois, cita a Semana de 1922 como modelo para criar burburinho e reitera a expectativa nos festivais e nos encontros como possibilidade para agregar artistas de dança, teatro, cinema e artes visuais.

Para ele, a literatura é um campo que anda desvalorizado na casa, o que vê como contradição para um espaço cuja biblioteca atrai 15 mil pessoas por mês. "Quero estimular a presença de escritores", diz, sinalizando que pretende valorizar, por meio de uma programação de mesas e debates, o circuito no qual também atua.

Com passagem por diversas redações da cidade, entre as quais as da revista Época, da Trip Editora e da Folha, Volpato também comandou o programa "Metrópolis", na TV Cultura, entre 1991 e 1994 e de 2010 a 2012.

Ele é ainda autor de livros como o de contos "Relógio sem Sol" (Iluminuras, 2009) e o romance "Pessoas que Passam pelos Sonhos" (2013, Cosac Naify).


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